Apresentado por Água da Pedra
O que são 30 meses ?
30 meses são dois anos e meio, 912 dias, 120 semanas.
Mas também são mais de 40 pacientes, um projeto chamado SORRIA MAIS, que doava escovas e pastas pra crianças carentes. São mais de dez viagens, incluindo algumas internacionais, palestras e mais palestras, um amor novo, festa de aniversário, um filho crescendo e fotos lindas pra uma campanha de prevenção. São algumas horas com os amigos, muitas, muitas, mas muitas horas com a família. São choros que ninguém viu, são sorrisos que todo mundo presenciou, ao vivo ou pela rede social. São 30 meses, são dois anos e meio e foi o tempo que a minha amiga Caco, a Dra Carolina, ortodontista, a mulher que queria sempre o meu melhor sorriso, teve para VIVER… pra entender que um diagnóstico de câncer sem cura a faria ter ainda mais força, ainda mais garra. Que ela podia (como muitas vezes a gente falou, em tom de brincadeira pra descontrair, como se fosse possível “descontrair” com isso ) que ela “podia até morrer atropelada por um ônibus”, mas que mais provável que fosse dessa doença afrontosa e doida… Foi muito curto o tempo e foi longo também … é impressionante como as coisas podem ser dúbias: como é que pode ser curto e longo ao mesmo tempo ?!
Pode.
No caso dessa doença pode, por que ela limita mas não impossibilita, ela mutila mas não tira a verdade de cada um.
Agorinha ela estava linda, sorridente, estava ali trabalhando e eu de boca aberta (ela tinha mania de ficar me perguntando coisas enquanto me tratava … e eu ali, bocão escancarado murmurando e o mais louco, ela entendia …kkkkk!) .
Ela cantava pra mim!
Cantava pra todos os pacientes… Jack Johnson era o mais recorrente no dvd! Foi ONTEM…
Quando essa coluna for publicada eu não sei se ela ainda estará na terra no corpo físico que a gente conhece e que eu tanto gostava de encontrar. Provavelmente não.
Enquanto estou escrevendo ela está magrinha, debilitada, mas mais forte do que nunca… Por que ela entendeu o real sentido de ter passado este tempo sabendo que talvez não visse o filho crescer… ela entendeu que o legado que ela vai deixar pra ele, que hoje tem só 5 anos, é muito maior do que a ausência e a falta que ela vai fazer … eu que ainda não entendi.
A tristeza vem, e não tem como não vir, mas ela vem acompanhada de serenidade… É muito chavão dizer isso, ainda mais pra uma dentista, mas ela se agarrou com unhas e dentes a cada um dos dias que teve para viver nesses dois anos e meio. Se apaixonou, brincou com o filho, deixou de trabalhar para ir pra pracinha, comprou uma peruca lindíssima e, mesmo quando o cabelo começou a crescer e a Giovana Antonelli cortou bem curtinho na novela (ela ficaria mais linda ainda que a Giovana Antonelli ), quis manter o cabelão…
Manteve a ideia de viver do mesmo jeito que ela vivia antes: linda e sempre sorrindo, dizendo que “tava ótima” e querendo sempre inovar nos tratamentos e ter mais pacientes. INTENSA.
Nesse mês de outubro, que esta história que teve muitos dias felizes, mesmo que tenha um final que não é exatamente feliz, sirva pra inspirar a todxs, mulheres e homens, a viver sorrindo, mesmo na dor … Quando quase não houver esperança, que o exemplo de uma pessoa que cuidava do sorriso dos outros, e que nunca perdeu o dela, venha à cabeça e mostre que, enquanto houver 1% de chance, a gente vai acreditar… e mesmo quando não tiver mais esse 1%, a gente vai acreditar também, por tudo que já foi!
Minha homenagem à minha amiga, dona do meu sorriso!
Patti Leivas – Gestora de Relacionamento
@pattileivas