Origem e procedência garantida

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Origem e procedência garantida

Nova legislação determina registrar todo o caminho percorrido pelo produto, da propriedade até o consumidor. Medida traz mais segurança e maior controle sobre o uso de agrotóxicos

Origem e procedência garantida

Pioneiro no Vale do Taquari a adotar o sistema de rastreabilidade das frutas e hortaliças produzidas na propriedade, no interior de Imigrante, o casal Luis Fernando e Franciceli Möllmann, destaca os benefícios do novo modelo. “Além de melhorar as etapas produtivas, traz ao consumidor mais segurança. Pela etiqueta ele consegue saber a procedência e até a forma como as frutas foram produzidas”, comenta Luis.
Com formação em técnico agropecuário, Möllmann dedica-se à produção de frutas há mais de duas décadas. São mais de 2 mil pés de laranja, das variedades Bahia (variedade do cedo) e da Monte Parnasso (variedade do tarde), além de bergamotas, abacate e couve-flor.
A maior parte das frutas, após classificadas, é entregue para a Cooperativa Languiru, em Teutônia, além de mercados da Serra Gaúcha e região Metropolitana para consumo in natura. O restante, com calibre inferior, é destinado para fábrica de sucos.
Para Möllmann, o sistema valoriza o produto e garante ganhos extras ao produtor. Por ano, a família colhe em torno de 70 mil quilos. “A meta é chegar a 100 mil em dois anos”, projeta.

DSC_0329Processo anotado

Cada passo é registrado em uma planilha impressa cedida pela Emater. Desde a aplicação de produtos para afastar pragas e insetos, como a mosca da fruta, a data de plantio, espaçamento das mudas, época de poda, floração, adubos utilizados e a quantidade produzida por pé.
O chamado Caderno de Campo, exigência da normativa da Anvisa, auxilia na tomada de decisões, a respeitar os limites de produtos químicos e o intervalo de aplicação e colheita. “O acerto está no detalhe. Tendo a informação correta, o risco de errar é menor. Conhecimento é fundamental para aprimorar cada etapa e levar ao consumidor um produto cada vez mais saudável”.
A etiqueta, repassada pela cooperativa, é anexada em cada caixa. Lá constam, por exemplo, informações da propriedade, a localização geográfica, o número do lote e a data da colheita. “Além do lucro, nos preocupamos com a nossa saúde e de quem consome. Nossa fruta é mais doce, saborosa e faz bem”, finaliza.

Resistência

Apesar de ser uma iniciativa benéfica aos consumidores, a rastreabilidade ainda enfrenta resistência entre os pequenos produtores, que a enxergam com ressalvas, pela preocupação com as dificuldades encontradas para cumprir a normativa.
Principal fornecedor de hortifrúti do Estado, a Ceasa reúne cerca de dois mil pequenos agricultores, a maioria com propriedades de até dez hectares. Segundo o presidente Ailton dos Santos Machado, o papel da direção têm sido o de orientação, por meio do grupo de trabalho Alimento Seguro. “O grande problema é o produtor menor, sobretudo de folhosas, que tem só duas, três pessoas da família trabalhando. E há questões práticas sobre como, por exemplo, etiquetar os produtos”, pondera.
Para o presidente da Associação de Produtores da Ceasa, Evandro Finkler, a rastreabilidade pode inviabilizar o trabalho das famílias, que não têm condições de se adequar devido aos custos e à falta de acesso à tecnologia. “O temor é que a maioria tenha de encerrar as atividades ou submeter-se a entregar seus produtos para terceiros, mais estruturados, oportunizando o surgimento de atravessadores”.

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