Alerta publicado por passageira reacende debate sobre segurança nos carros de aplicativo.
No fim de semana passado, uma usuária do aplicativo 99 relatou ter solicitado um carro em Lajeado com destino a Estrela. O endereço indicado era o bairro Auxiliadora e, ao chegar nas imediações, ela apontaria o local exato. De acordo com a passageira, ao chegar no bairro, o motorista teria entrado em ruas sem pavimentação em meio ao mato. Ao ser questionado, ele teria respondido “vamos dar uma volta.”
“Eu disse a ele que meus amigos sabiam que eu estava indo no endereço combinado e que meu celular tinha rastreador”, conta a passageira.
A partir da postagem, diversos outro relatos em relação ao mesmo motorista se espalharam pelas redes sociais. A maior parte dá conta de perguntas pessoais invasivas e comportamento inadequado. Porém, uma passageira relata que o homem teria tentado colocar a mão na sua perna durante a corrida.
Ameaças, injúria e difamação
O relato mais grave é o de uma estudante da Univates, de 19 anos, moradora de Estrela. Usuária frequente dos aplicativo, conhece boa parte dos motoristas da cidade. Durante meses pegou corridas com este motorista sem ter motivos para desconfiar, mas começou a ficar incomodada com elogios fora de contexto. Até que começou a receber ligações e mensagens estranhas.
“Eram homens querendo sair comigo, pensando que eu era garota de programa. Nunca suspeitei dele, tanto que comentei e ele se mostrou surpreso, disse que achou um absurdo”, recorda. Ela descreve o motorista como uma pessoa de comportamento instável.
As ligações começaram a se tornar frequentes, qualquer momento do dia. A moça reconheceu um dos homens, era um advogado conhecido de seu pai. Ela então entrou em contato com o homem para saber quem havia passado seu contato. Ele afirmou que havia sido o motorista e passou a ameaçá-la para que ela não divulgasse o caso.
A passageira reportou o caso à Uber, mas não teve retorno. Quando comentou com as colegas da faculdade, ouviu mais de uma dezena de relatos de assédio do mesmo motorista.
O fato de o motorista saber seu endereço foi mais um fator que despertou medo na passageira. O caso ocorreu em junho do ano passado e foi registrado na Polícia Civil de Lajeado. “Registrei ocorrência porque recebi ameaças”.
Ela alerta para que outras mulheres denunciem este tipo de situação. “Hoje mesmo desci de um Uber e ele falou para mim ‘me passa teu número para a gente marcar alguma coisa ou tu tem namorado?’ A questão não é se eu tenho namorado, o aplicativo não serve para isso”, conclui.
O que diz o motorista
O motorista nega os episódios. De acordo com ele, a moça não tinha o endereço exato do destino. Diz ainda que sua nota era das melhores da cidade e que fez mais de sete mil corridas em dois anos.
“Isso é tudo boato, para chamar atenção. Estou tomando minhas providências em relação a isto aqui. Vou ver com meu advogado o que ele vai falar.”
Ele afirma que já havia feito diversas corridas com esta passageira sem ter recebido reclamação. “Era meu ganha pão, eu tenho filha, pago pensão. Ela não pensou que ia destruir minha vida.”
MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br