Da crise à  superação

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Da crise à superação

A Univates viu as finanças despencarem a partir de 2014 com as restrições impostas ao programa de financiamento estudantil do governo federal e a queda no número de estudantes. O Fies representava 40% da receita. Ao invés de transferir o custo da estrutura acadêmica às mensalidades, usou a criatividade para aproveitar os laboratórios, pesquisas e o conhecimento vivo na instituição para também se tornar uma prestadora de serviços à sociedade.

Da crise à  superação

As transformações no mercado frente a instabilidade econômica e a queda considerável no número de novos alunos obrigou a Univates a buscar alternativas de receita. Em vez de repassar às mensalidades os custos para manter a estrutura e o quadro docente, a Instituição de Ensino Superior (IES) adotou outra estratégia. Usar o conhecimento, os laboratórios e a mão de obra disponível para prestar serviços à comunidade.
Essa solução veio em meio a um grande baque sofrido pela universidade. As mudanças no Financiamento Estudantil (Fies), com novas regras para concessão do benefício restringiram as novas matrículas. A partir de 2014, o Ministério da Educação (MEC) passou a obrigar o repasse de parte do crédito pago pelos cofres públicos para um fundo mantenedor do programa.
Nos anos seguintes, o previsto aconteceu. O Fies não se pagava mais e as universidades sofreram com a descontinuidade do programa. Pela decisão governamental, as vagas seriam restritas e 60% seria para o Nordeste e 40% para as regiões Sul e Sudeste, onde estão 85% das IES do país.
O Fies significava 40% da receita da Univates. Hoje, está em 16%. Em meio a recessão econômica, a universidade ainda se deparou com a redução no número de matrículas, com mais impacto sobre as receitas. A queda em cinco anos também ficou na casa dos 40%.

Unir ensino  e serviços

O momento exigia inovações, do contrário, precisaria adotar um plano de contenção. Demitir, fechar laboratórios e encerrar projetos de pesquisa. “Para uma universidade, isso não é simples. Não podíamos encerrar com o que estava em andamento”, relembra o Pró-Reitor de Administração, Oto Roberto Moerschbaecher.
A decisão da Univates foi diferente do que a maioria das universidades brasileiras fizeram. “Observamos esses movimentos já em 2014 e começamos a observar fontes alternativas de receita.”
Com toda a infraestrutura instalada, os equipamentos, laboratórios, pesquisas e o conhecimento, se uniu o útil ao agradável. Como 80% dos estudantes cursam as graduações no turno da noite, a ideia era usar o complexo para prestar mais serviços às empresas, setores públicos e à comunidade.
Quatro áreas instaladas foram avaliadas como possíveis geradoras de receitas. O Unianálises, a Unidade de Negócios em Tecnologia da Informação (TI), o Laboratório de Tecnologias da Construção (Latec), a Educação à Distância (EaD) e o Centro de Serviços em Saúde. Juntos, hoje representam 20% da receita da Univates.

Unianálises:  o começo

O laboratório de análises foi criado em 1993. Funcionava em uma sala, com atividade restrita. Começou a tomar forma em 2006, quando foi credenciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, relembra o responsável pela gestão de qualidade do laboratório, Eduardo Mulinari.
“Além dos laudos sobre as amostras oficiais, também começamos a atender demandas das indústrias.”
Aos poucos, mais serviços foram incorporados, com destaque para o laboratório do leite. “O foco do Unianálises é o alimento. Hoje atendemos todas as certificações, seja federal, estadual e municipal”, diz Mulinari.
Com essa infraestrutura posta e com a experiência dos serviços para além dos limites da universidade, a partir de 2016, a reitoria provocou uma mudança. Ao invés de esperar as empresas contratarem o laboratório, o objetivo é conseguir novos mercados.
07_AHORAHoje, o Unianálises tem 1,6 mil clientes e gera de receita à instituição em torno de R$ 10 milhões por ano. Diante desses resultados, a perspectiva para os próximos meses é de ampliação do complexo. O espaço físico será duplicado, o que ocasionará a possibilidade de triplicar os serviços. “Esperamos chegar a um faturamento de R$ 30 milhões nos próximos anos”, diz o pró-reitor Oto Moerschbaecher.

Expansão para o Mato Grosso

Acerto entre a universidade e o governo do município de Nova Mutum indicam investimento para instalação de uma unidade do Unianálises na cidade do Mato Grosso. A construção deve iniciar ainda este ano. Pelo acordo, a administração pública será responsável pela construção enquanto a universidade com os custos de equipamentos e mão de obra.
O investimento do município será de R$ 10 milhões e o da Univates de R$ 7 milhões.

Prática e  serviços juntos

No Centro de Saúde, além de convênios para gerar receitas, há um outro diferencial. “Aliamos a teoria e a prática. Os acadêmicos têm a oportunidade de vivenciar a realidade do atendimento em saúde”, afirma o diretor do centro, o professor
Jairo Hoerlle.
Hoje a Univates é responsável pela gestão dos postos de saúde de Lajeado, da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). Para outras cidades, são feitos contratos para prestação de consultas em diversas especialidades médicas.
Um movimento similar ocorre no Laboratório de Tecnologia da Construção (Latec). O responsável técnico, Robledo Müller, relembra que a união entre espaço acadêmico e prestador de serviço ganhou impulso a partir de 2013.
Para reduzir a ociosidade nos turnos quando não haviam aulas e para que o acadêmico também estivesse mais próximo do complexo, foi feito um projeto para que análises da qualidade dos materiais usados na construção civil pudesse ser ofertado para o mercado.
Um dos resultados que ajudam a dar conta é o número de trabalhos de conclusão. Saiu de 45 em 2015 para mais de 140 neste ano. Em termos de receita, para este ano, a estimativa é ultrapassar os quase R$ 250 mil.

Condomínio para estudantes

No próximo ano começa a construção de apartamentos para acadêmicos. O projeto foi elaborado pela Redstone Residencial, gestora de 23 mil camas para estudantes dos Estados Unidos e Canadá. O contrato entre Univates e o grupo Mitre, de São Paulo, já está assinado e prevê a construção de dois blocos de apartamentos, com quartos individuais, duplos, triplos e quádruplos.
A ideia é fornecer moradia para estudantes, em especial do curso de Medicina, com o custo do aluguel já previsto na mensalidade. Pelos cálculos da pró-reitoria de Administração, com 85% de ocupação, será possível gerar em torno de R$ 350 mil em receita à Univates.

FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br

 

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