“Estou ansiosa e preocupada. Mas também com esperança de voltar a minha vida normal”. As palavras da industriária Ivone Santos dos Santos, 39, traduzem o sentimento de pacientes que aguardam por cirurgias de média complexidade em Lajeado.
Ela precisa retirar o útero. O diagnóstico veio faz mais de seis meses. “Sentia dores fazia mais de ano. Então procurei o médico e foi confirmado que estou com cistos no ovário, no útero. No último exame, foi visto que também afetou o fígado.”
Com isso, aumentou a urgência do procedimento. Nessa segunda-feira, encaminhou o pedido dos exames pré-operatórios na Secretaria de Saúde. Pode ser chamada já na próxima semana.
A moradora de Conventos é uma das mais de 100 pessoas beneficiadas com o mutirão de cirurgias e exames com especialistas. O governo municipal confirmou que destinará R$ 1,507 milhão para garantir o atendimentos de pacientes que estão na lista de espera.
Conforme dados da Secretaria de Saúde (Sesa), o investimento reduzirá em 43,5% a fila por exames e cirurgias eletivas e por exames com especialistas. “Estamos fazendo um esforço para suprir uma demanda que compete ao governo estadual. Por conta da organização da saúde e da crise financeira, percebemos que a espera dos pacientes tem aumentado bastante”, relata o prefeito Marcelo Caumo.
De acordo com o responsável pela Sesa, o médico Cláudio Klein, há pessoas que aguardam pelos procedimentos desde 2015. “Mas a maioria foram concentradas nos anos de 2017 e 2018”, diz.
A verba disponível tem uma parte (R$ 500 mil) destinada por meio de emenda parlamentar. Os R$ 1.077 milhão partem de recursos especiais conquistados junto ao Ministério da Saúde.
Pacientes chamados
O contato com os pacientes para confirmar os procedimentos, sejam exames ou cirurgias, começou na semana passada, conta a coordenadora da Atenção Básica da Secretaria de Saúde, Nilse Gemelli. Como alguns cadastros estão desatualizados, foram adotadas algumas precauções com o objetivo de garantir o atendimento das pessoas que estão no topo da lista. “Não fazemos apenas uma ligação e passamos para outro. Procuramos em todo o cadastro, inclusive ligando para familiares caso não consigamos esse contato. Só passamos para outro, quando o paciente informa que já fez o procedimento ou quando não mora mais na cidade”, explica.
Pelos cálculos dela, serão 100 cirurgias. Desse total, 85 já foram na secretaria para encaminhar os exames pré-operatórios. Após essa etapa, começam os agendamentos pelo Hospital Bruno Born.
Mais procura pela rede pública
A partir de 2014, o número de consultas nas unidades básicas de Lajeado aumenta. Naquele ano, os postos faziam quase 17 mil atendimentos por mês. Quase cinco anos depois, até agosto deste ano, a média ultrapassou 25 mil consultas. “É um reflexo da instabilidade econômica”, acredita a vice-prefeita, Gláucia Schumacher.
Na avaliação dela, com a perda de receita das famílias, muitas deixaram os planos de saúde privado e passaram a buscar atendimento na rede pública.
FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br