Desbravar a América do Sul sobre duas rodas é o que move os amigos Jonas Lehnen, João Paulo Scheidt e Aderbal Mendes de Oliveira. O grupo entitulado “Guaipecas” acaba de voltar da região de Puna, no norte da Argentina. Foram quinze dias e cerca de 6.600 quilômetros feitos com as motocicletas.
Baixas temperaturas, estradas de chão batido, altas altitudes e muito vento são alguns dos ingredientes frequentes na rota até Puna, que faz parte da grande Cordilheira dos Andes. Os três amigos são visitantes frequentes da região. Argentina, Chile, Uruguai e Bolívia são alguns dos países na qual já desbravaram.
A viagem não é das mais fáceis, muito pelo contrário, mas a experiência dos pilotos colabora para que o trajeto seja feito sem grandes perigos. Nos quinze dias, tombos foram frequentes, mas felizmente não houve nada de grave. “Foi bem louco, mas no final deu tudo certo”, garante Lehnen.
Confiança nas motocicletas
Jonas e João Paulo possuem o mesmo modelo de motocicleta, uma Yamaha XT 660, enquanto que Aderbal tem uma XTZ 250 Lander. Acima de tudo, deve prevalecer a confiança e conhecimento do piloto sobre a moto. O único problema na qual passaram ocorreu no terceiro dia, quando um rolamento acabou fundindo. “Passamos em uma loja de autopeças e fizemos o reparo. No mais é isso, alguns tombos na conta mas nada de sério”, brinca Jonas, que garante que o corpo fica até melhor depois da viagem.
Percalços no caminho
No primeiro dia Jonas e João Paulo rodaram 1.140 km, até Machagai, na Argentina. No outro dia se juntaram a Aderbal, que vinha de Chapecó. Seguindo em direção ao Chile, chegaram até a altitude de 4.700 metros. O frio registrava 20 graus negativos e a pista estava coberta de gelo. “Ali o João Paulo se atrapalhou e caiu. Não teve como levantar a moto, tivemos que arrastá-la na pista de gelo”, diz o piloto.
O momento mais marcante foi na nova estrada entre a cidade de Humahuaca e a região de Ungar. Ali está sendo construído um novo caminho onde antigamente passava uma trilha inca. “Fizeram uma estrada e fomos os primeiros brasileiros a passar. Foi o ápice da viagem.”
Na divisa com o Chile, os três viajantes tentaram chegar à uma antiga mina de enxofre, mas o frio e o vento não permitiram que completassem o trajeto. “Fomos desviando mas no final não teve como. Chegamos em um penhasco coberto de neve e não deu para cruzar. Tivemos que voltar cerca de 80 km no escuro e não conseguimos acampar por causa do forte vento”, conta Jonas.
Guaipecas en La Ruta
Os três amigos fazem parte do Moto Grupo Lobos do Vale, mas quando viagem sozinhos, se denominam Guaipecas en La Ruta. “Um dia estavamos conversando e um amigo nos chamou de guaipeca, se referindo aos cachorros sem dono ou rumo, achamos legal e ficou esse o nome”, diz Lehnen. Depois da longa viagem, já sabem o próximo destino: o Cânion do Funil, em Santa Catarina, onde poderão descansar.