Gessemar de Almeida, 24, seguiu seu sonho de infância e foi tentar a vida como ator na metrópole. Faz um ano e meio, ele vive em São Paulo, onde dá continuidade aos estudos de teatro, iniciados em Lajeado. Na bagagem, levou lembranças dos amigos que fez em oito anos morando no Vale.
• Desde quando você vive em São Paulo?
Estou morando aqui faz um ano e meio e eu pretendia vir para cá desde os onze anos de idade. Já morei aqui na região quando era criança, depois voltei para o Sul. Meu irmão mais velho, que é cineasta aqui, me convenceu a ser ator quando eu tinha onze. Eu tinha uma ideia maluca de ser policial, aí o cara falou “se você for ator você pode ser policial, astronauta, médico, bandido, quem você quiser. Depois sai seguro e está tudo certo”. Aquilo entrou na minha cabeça e foi o que eu fiz. Desde então, meu foco é esse. Me atirei. Fui para floripa, voltei para Lajeado, fui de um lado para o outro até conseguir chegar em SP, em abril.
• O que te atraiu na metrópole?
Principalmente a área cultural e artística. É uma cidade muito mutável e ela pode ser diferente para todo mundo mundo. Pode ser perfeita como pode ser odiosa. Vai muito do que você busca na cidade. Para quem tem um objetivo e consegue pegar o ritmo e entender como funciona é gostoso demais. E o ritmo frenético, sempre mudando demais, é importante para o que eu quero para minha vida como ator. Todos os dias eu passo por uma laboratório. Você observa pessoas o tempo todo, é tudo muito diferente, culturas, sotaques, modo de andar, de falar. Acontecem situações muito fora da caixinha.
• O que te atrai na profissão de ator?
Vim para estudar e me profissionalizar. Cheguei a passar por um teatro em Lajeado, fiquei um ano com um grupo na Casa de Cultura. Foi a relação mais forte que eu tive com teatro. No momento, trabalho em uma hamburgueria, de terça a domingo, me mantendo e pagando os estudos. Estou fazendo montagem de um espetáculo do Woody Allen, a peça Adultérios. É um baita desafio me conhecer como artista, tendo uma visão nova. Tudo acaba se tornando um estudo constante.
• Do que mais sente falta em Lajeado?
Em oito anos, fiz muitas amizades que eu vou levar para a vida, que se tornaram família. Principalmente o pessoal do “domingo dos padres”, um grupo de amigos que se reunia toda a segunda-feira, que era o nosso dia de folga, para fazer um som e tomar uma.
• Qual trabalho mais marcou sua carreira?
Em Lajeado, eu fiz “A mulher sem pecado, de Nelson Rodrigues. Gostei demais do universo dele. Este ano, em uma matéria de construção de personagem, Nelson, mergulhei no universo dele. Foi sensacional, é um dos primeiros poetas malditos que mudou a cara do teatro brasileiro. O personagem que realmente me marcou foi o Gilberto, da peça “Perdoa-me por me traíres”.
MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br