Moradores rechaçam tentativa de mudança

Abrigo São Chico

Moradores rechaçam tentativa de mudança

Direção estudava transferir sede para casa na rua Santos Dumont, entre o Centro e o bairro Moinhos. Moradores organizaram abaixo-assinado e conseguiram mais de mil adesões

Moradores rechaçam tentativa de mudança

O local da nova sede da Associação Abrigo São Chico continua uma incógnita. Desde abril, a direção procura um imóvel. Responsável pelo atendimento de pessoas em situação de rua, a entidade encontra barreiras para a mudança. O motivo: moradores próximos são contra. Ontem, em reunião em uma casa na rua Santos Dumont, endereço escolhido pela direção para ser a nova sede, quase 50 pessoas foram repelir essa possibilidade. O imóvel fica a pouco mais de duas quadras do abrigo atual.
Além das manifestações contrárias, os moradores também entregaram um abaixo-assinado com mais de mil adesões. “Não somos contra o trabalho do abrigo. Mas aqui não é um local apropriado. Há uma creche próxima e tememos pela segurança das crianças”, relata um morador.
O secretário de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sthas), Lorival Silveira, sugeriu aos presentes para apresentarem ideias e alternativas para a transferência do abrigo. “O São Chico faz um trabalho muito importante. Temos de reconhecer isso e ajudar.”
Hoje, o abrigo fica na rua XV de Novembro, bairro Florestal, em frente da Escola Estadual de Ensino Fundamental Irmã Branca. Em março deste ano, pais de alunos ingressaram com um pedido de mudança. Relatam casos de assaltos, furtos, perturbação e atentado ao pudor.
A associação recebe do governo municipal R$ 740 mil por ano para cobrir as despesas com o atendimento. O abrigo tem capacidade de receber 44 pessoas por dia.

“Da porta para rua, o problema é nosso”

Moradora do bairro, Elizabete Oliveira, reforça as reclamações. “Recebemos inúmeros casos de pessoas perseguidas, de crianças assaltadas, de pátios e casas invadidas.”
Na avaliação dela, indiferente do endereço, os problemas seguirão à comunidade. “O abrigo faz um trabalho interno e da porta para a rua, o problema é nosso. São os moradores que precisam conviver com os abusos e com a insegurança”, afirma.
Natural de Curitiba, capital do Paraná, Elizabete sugere que sejam adotados outros mecanismos de atendimento. Cita como exemplo a internação compulsória de dependentes químicos.
Outro morador, Adriano Leonhardt, relembra quando entrou em briga corporal com um dos atendidos pelo abrigo. Havia recebido uma informação de invasão na casa da avó dele. O imóvel estava sem moradores e com toda a mobília. “Quando meu pai e eu estávamos na porta e ficamos frente a frente com um dos homens. Eu o imobilizei até a chegada da polícia.”

“Vamos construir algo juntos”

Apesar das manifestações contrárias à mudança de endereço, o coordenador do abrigo, Luiz Carvalho, acredita que o objetivo foi alcançado. “Respeitamos a comunidade. Deixamos claro que precisamos de ajuda. Agora, vamos construir algo juntos.”
Pela lei, a direção do abrigo tem autonomia para escolher a sede da entidade. Apesar disso, diz, a decisão foi de atender a reivindicação dos moradores. “Não precisamos de autorização nem do município. No entanto, para evitar problemas, vamos ficar no endereço atual até conseguir outro imóvel.”
De acordo com ele, nos últimos meses mais de dez casas foram avaliadas. Desde o início das atividades, em 2001, o abrigo passou por cinco endereços. Já esteve instalada nas proximidades da Paróquia São Cristóvão, Colégio Evangélico Alberto Torres (Centro), em frente ao Colégio João Batista de Mello (Centro) e na Rua Moisés Cândido Veloso (Hidráulica).

FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br

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