A situação dos serviços de saúde pública no bairro Moinhos incomoda moradores já faz mais de quatro meses. A equipe de atendimento do posto é composta por um servente, uma enfermeira, dois funcionários administrativos, dois técnicos de enfermagem, um médico pediatra, cinco agentes de saúde e apenas uma médica vinculada ao Programa Mais Médicos.
As filas de espera são comuns na unidade e, nos dias em que a médica falta, a comunidade fica sem consultas, por não haver quem a substitua.
A presidente da Associação de Moradores do Moinhos, Tânia Dossena, afirma já ter entrado em contato com a Secretaria de Saúde, que alega não ter médicos disponíveis para o serviço.
Ela reclama também da demora na realização de exames quando precisam ser encaminhados à Secretaria de Saúde. Juleide Rodrigues da Silva esperou por dois anos para conseguir os exames de intestino que precisa fazer.
“Não podemos mais ficar doentes aqui no bairro, quem consegue, faz particular, quem não pode, fica sem atendimento.”
Sem atendimento
O pai da moradora Luciana Caussi sofre de problemas de saúde que trata em Porto Alegre. Mas, recentemente, teve uma pneumonia e precisou do atendimento médico do posto de saúde.
No entanto, o paciente foi orientado pelos funcionários a procurar a UPA que, por sua vez, o encaminhou para o Hospital Bruno Born (HBB). “Foram passando de um lugar para outro e, no fim, não atenderam o meu pai. Quando fomos consultar em Porto Alegre, a pneumonia já estava avançada”, conta Luciana.
“Saúde está uma vergonha”
Celani Fátima do Nascimento cuida de dois pacientes em casa. Um deles é o João Franck, que sofreu um acidente de trabalho e teve que colocar pinos no cotovelo. Ele precisa de fisioterapias, mas a unidade do bairro não pôde oferecer. Iniciou o tratamento no São Cristóvão, e hoje tem que se descolar até o bairro Santo Antônio.
O outro paciente, Luis Carlos Lopes, sofre de diabetes, alzheimer e pressão alta. Ainda, tem um ferimento no pé que precisa de curativos diários. Todas as manhãs, Fátima leva Luis Carlos até o posto de saúde e, nos dias de chuva, a promessa é de que os profissionais vão até a casa dela. Mas isso nem sempre acontece.
Governo responde
Segundo o secretário de Saúde, Claudio Klein, as unidades de saúde visam primeiramente a prevenção da saúde. Os casos mais emergentes são encaminhados para a UPA e, se for de maior complexidade, para o Hospital Bruno Born.
“Vale ressaltar que os usuários que procuram as unidades de saúde são acolhidos, avaliados e então agendados ou encaminhados para os serviços afins”, afirma.
Conforme Klein, a Estratégia de Saúde da Família de Moinhos possui equipe mínima completa e profissionais de suporte, conforme estabelece o Ministério da Saúde. “Casos de adoecimento prolongado e férias são avaliados conforme a demanda de profissionais no município para possível remanejo”, afirma.
Ele avalia de forma positiva a área da saúde do município e acredita que ela tem se qualificado cada vez mais visando a prevenção. O secretário ressalta que, no mês de agosto, foram ofertadas mais de 7,3 mil consultas na Unidade de Pronto Atendimento de Lajeado (UPA) e mais de 16,6 mil consultas nas Unidades de Saúde.
Entretanto, cerca de 1,5 mil usuários faltaram às consultas sem justificativa o que, para o secretário, tem influência no serviço de saúde prestado no município.
“É importante lembrar o papel da população frente ao bom andamento do serviço como o fato de avisar quando não comparecerá a consulta”, pondera Klein.
BIBIANA FALEIRO – bibiana@jornalahora.inf.br