Após novo caso de dengue, equipes intensificam vistorias

região em alerta

Após novo caso de dengue, equipes intensificam vistorias

Agentes de Lajeado visitam residências no São Cristóvão. Coordenadoria de Saúde alerta para cuidados em casa

Após novo caso de dengue, equipes intensificam vistorias

A visita de uma agente de endemias do município ontem à tarde mudou a percepção de Martin Augustin em relação aos riscos de proliferação do mosquito Aedes aegypti. Prontamente, o morador da rua Pernambuco abriu o portão para que o pátio pudesse ser vistoriado.
“Se o foco é por aqui, então temos que resolver antes que mais pessoas, e a gente mesmo, fiquem doentes”, diz.
Com diversas plantas no pátio, ele mantém o cuidado de colocar cloro em pratinhos de vasos de plantas que possam acumular água. A piscina de casa também está sempre com a água limpa e clorada. “Vamos ver se a gente consegue localizar o foco desta suspeita. É qualidade de vida e saúde”, defende.

Visitas mais frequentes

O aparecimento de um caso suspeito em Lajeado fez com que a secretaria de Saúde intensificasse as visitas às residências no bairro São Cristóvão. Uma moradora do bairro teve o caso confirmado por exames de uma clínica particular. O município aguarda a confirmação do Laboratório Central do Estado (Lacen).
Ontem à tarde, os agentes visitaram diversas residências, verificando possíveis criadouros nos pátios e conscientizando a população.
Um dos endereços verificados foi uma casa na rua Ceará, alvo frequente de reclamações de vizinhos. No local, há uma piscina. Ainda que a água esteja com coloração esverdeada, nenhuma larva foi detectada. Os agentes reafirmam a importância de manter a piscina com água limpa e clorada.
Em Teutônia, a atenção quanto ao mosquito também cresceu, depois que dois casos autóctones foram confirmados em agosto. Em Estrela, o último Levantamento de índice Rápido de Aedes (LIRA) localizou uma larva de Aedes. O município não registrou nenhum caso autóctone.

Lições de quem já teve a doença

Há dois anos, Patrícia Rychcik teve dengue. Ela contraiu a doença na cidade em que morava, Itanhaém, no litoral paulista. Antes dela, o marido já havia contraído a doença, na forma hemorrágica.
“Por mais de uma semana tive fraqueza nas pernas e braços, bolinhas pelo corpo, náuseas e muita dor atrás dos olhos. Olhar para a luz eu não conseguia”, recorda.
Depois de passar pelos sintomas da dengue, Patrícia mudou seus hábitos de cuidado em relação ao mosquito transmissor.
“A gente muda o olhar com tudo. Por exemplo, eu não sabia que atrás da geladeira tinha uma bacia com água. Vaso de planta, as próprias plantas, caixa d’água, tudo isso acaba virando rotina, a gente passa a cuidar mais.”

03_AHORAPopulação precisa ajudar na prevenção

Os períodos quentes e chuvosos são os mais propícios à reprodução do mosquito, porém, o coordenador regional de Saúde, Sérgio Schneider, destaca que os ovos sobrevivem ao frio.
Caso seja encontrado algum mosquito Aedes aegypti na região próxima ao caso investigado, não se descarta chamar o apoio do Centro Estadual de Vigilância Sanitária (Cevs) para fazer a varredura da área.
Schneider destaca que a prevenção não depende apenas de ações do poder público. “O problema é de todos. Se a população não colaborar, pode vir um surto por aí”, conclui

Para médicos, doença entra no cenário

O médico infectologista do Hospital Bruno Born e professor da Univates Guilherme Domingues afirma que a suspeita de um caso autóctone em Lajeado faz com que os médicos incluam a doença entre as hipóteses de diagnóstico.
“Até então para um paciente com febre dor no corpo, que não tivesse viajado, não se considerava muito o risco de ser dengue. Isso é o que muda para os médicos”, considera.
Caso a pessoa perceba os sintomas, a recomendação é buscar atendimento médico o quanto antes e evitar ingerir Aspirina e assemelhados.
A chegada do verão faz aumentar a preocupação. Para Domingues, é provável que o caso não seja o único a ser registrado na cidade, mas ainda não há como prever o tamanho da proliferação da doença, se haverá surto ou apenas alguns casos isolados.

MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br

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