Natural de Ilópolis, Silvano Secco, 33, se mudou a trabalho para o Peru. No país vizinho, virou adepto do alpinismo e se desafia em montanhas com mais de 5 mil metros de altura.
• Quando conheceu o alpinismo?
Fiz várias escaladas em montanhas menores. Mas nos últimos tempos estou encarando altitudes maiores. A primeira foi dois anos atrás na Cerro Toco (5,6 mil metros), de San Pedro da Atacama. Faz 15 dias, aceitei o desafio de subir o Misti, que é um vulcão ativo do Peru. Esse, não consegui concluir. Mas em compensação, no fim de semana, subi o Vulcão Chachani.
• Como foi esse desafio no Vulcão Chachani?
Nós fomos de caminhonete até os pés do vulcão. Depois, com dois guias, andamos até a parte superior da montanha. Antes disso, tive uma preparação com caminhadas e adaptação da altitude. O ambiente na montanha é incerto. Você nunca sabe se o tempo está bom ou se o caminho tem pedras, por exemplo. Então é preciso estar apto para vencer a montanha.
• O que é preciso para subir uma montanha com mais de 5 mil metros?
Classifico como três itens principais. 50% é estar preparado fisicamente. 30% é estar preparado quanto ao clima. E 20% é o psicológico. Quando se sobe uma montanha, você pode se sentir solitário ou ter incertezas. Precisa estar aclimatado e isso não é fácil. Como sou do Sul do Brasil e não há montanhas, andar acima de quatro mil metros é outra sensação. À noite você tem frio, desconforto térmico e o coração começa a bater mais forte. Tem que ter muito cuidado. A altitude é um problema quando a gente não está acostumado.
• Qual é o principal desafio na escalada?
É a angustia. Você começa a pensar que no meio do caminho pode ter problemas, que não vai conseguir passar os desafios, que vai faltar oxigênio. Se não está preparado psicologicamente, começa a dar uma angústia forte por passar por esse desafio.
• Se o alpinismo é tão desafiador, o que te fez praticá-lo?
Quando você está na subida se pensa em muitas coisas, até em desistir. Mas enquanto vai subindo você olha o caminho que fez e percebe que tudo depende do jeito de pensar. Quando olho para o caminho que fiz, percebo que cada passo que dou é um a mais. O alpinismo nos ensina a não pensar em desistir e seguir adiante. Por isso gosto de praticar o esporte.
• O que aprendeu com o alpinismo?
Que as pequenas coisas fazem a diferença. Na subida, até o tipo de meia ou quantidade de água que leva podem fazer você alcançar o objetivo ou não. Também aprendi que é preciso respeitar a montanha e saber que ela é muito maior que você.
• Sonha um dia em subir a maior montanha do mundo?
Todo alpinista fala de subir o Everest (8,8 mil metros). Hoje, não estou preparado. Não só pela altitude, mas pelo clima e rajadas de vento que podem ultrapassar 300 quilômetros. Para a Cordilheira dos Andes (6,9 mil metros), já me sentiria mais apto.
FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br