Partida. Que palavra doída. Afinal, para conjugar o verbo partir é necessário que antes de tudo se tenha permanecido. E assim como ficar é uma maneira de aprender, partir é a possibilidade de transcender. Vou compartilhar uma experiência com você:
Há quase um ano eu pulava da porta de um avião, a mais de três quilômetros de altura. Uma aventura que, sinceramente, nunca pensei ter coragem para viver. Até que um dia alguém pegou na minha mão e perguntou: “vamos?”. E pensei, por que não? Pulei.
Dentro do avião refletia sobre a minha decisão de cometer aquela maluquice chamada paraquedismo. Da praia de Torres eu ainda enxergava o lugar o ponto de partida e, olhando ao horizonte, apareciam também o cânions de Itaimbezinho. Uma nova vista linda e que me fez sorrir, mesmo com o meu coração na boca.
A porta então abriu, o instrutor me colocou com as pernas balançando para fora. Nunca senti tanto medo. De repente senti um impulso. O vento batia no meu rosto e eu nem lembrava mais da tensão. Abri os braços e dei o maior grito da minha vida. Me joguei.
Tomar decisões deste tamanho mexem com a gente. Na noite anterior ao salto eu nem dormi. Mas foi chegada a hora de dirigir até o aeroporto e entrar no avião caminhando com as próprias pernas. Uma decisão que tornou a minha vida muito mais interessante.
São tantas as analogias a se fazer com esse salto! Hoje, especificamente, sinto que a decisão de pular foi o meu momento de maior liberdade, mesmo que presa a um instrutor, que conduzia cada movimento até a abertura do paraquedas. O mestre do paraquedismo, no auge da sua experiência de mais de 8 mil saltos, ainda teve a humildade e confiança de me deixar conduzir até quase chegarmos ao chão.
É chegada a hora de me despedir do Jornal A Hora, que me deu a condução dessa aventura durante quase cem edições do caderno Você. Confiaram em cada decisão tomada, foto escolhida e palavra escrita. Novos voos ainda estão por vir. Por enquanto, confesso, estou ainda sentada na porta do avião, esperando o novo impulso que me levará a viver mais uma intensa e inesquecível aventura jornalística.
Como já disse Leonardo Da Vinci, “quando você tiver provado a sensação de voar, andará na terra com seus olhos voltados ao céu”. Obrigada a toda a equipe do Grupo A Hora pela grande confiança dada a mim. Foi uma experiência que me amadureceu e engrandeceu. Em breve, se Deus quiser, serei eu uma instrutora de salto, graças ao aprendizado com os grandes mestres. Muito obrigada e até logo!
Opinião