Pouco mais de duas semanas após ser condenado em primeira instância por crime contra a administração pública, Carlos Kayser ficou frente a frente com os vereadores que integram a CPI das Multas na tarde de ontem.
Esta foi a primeira oitiva do processo instaurado pela câmara para apurar possíveis irregularidades nos autos de infração de trânsito emitidos no município. Os questionamentos partiram do presidente da CPI, Paulo Tori (PPL), do relator Waldir Blau (MDB), do secretário Mozart Lopes (PP) e do assessor jurídico Gustavo Heinen.
Kayser coordenou o Departamento de Trânsito de janeiro de 2017 até agosto de 2018, quando foi afastado do cargo e passou a atuar no Departamento de Agricultura. No período, encarou situações complexas, como a que gerou a denúncia do Ministério Público por adulterar datas em três autos de infração, fato que resultou na condenação.
Assim como fez ao MP, Kayser voltou a dizer que não agiu de má-fé no episódio e que o sistema era de difícil manuseio. “Tínhamos 30 dias para lançar as multas, mas o Detran só aceita até o 27º dia. O que fizemos foi apenas lançar dentro do prazo de 30 dias. Não adulterei datas”, comentou, afirmando que as infrações ocorreram.
Confiança nos agentes
Enquanto esteve à frente do trânsito, Kayser coordenou 35 fiscais e disse que queria “recuperar a imagem do servidor público”, elogiando a equipe de trabalho. “Eu confiava plenamente em todo mundo”, resume.
Quanto a supostas perseguições cometidas por agentes de trânsito, o servidor lembrou da situação que originou o lançamento das multas com datas alteradas no sistema. Na ocasião, um mesmo motorista foi autuado 14 vezes. “Eu baixei uma ordem proibindo perseguição, pois os agentes não tem poder de polícia”. Por isso, decidiram lançar apenas três autos de infração.
Sobre a sindicância aberta no ano passado e arquivada pouco tempo depois, Kayser diz que o objetivo era investigar o sumiço de dois autos de infração. “Não foi possível identificar o responsável”, recorda.
“Ele não teve a intenção do erro”
Advogado de Carlos Kayser no processo que o condenou a mais de dois anos de prisão, Rafael Caumo diz que a decisão da Justiça causou surpresa nele e no seu cliente. Eles já recorreram e aguardam agora a posição do Tribunal de Justiça (TJ).
“O Carlos confessou o fato, mas sem dolo. Ele não teve a intenção do erro, o que geraria uma absolvição. E é isso que alegamos na defesa, pois foi o que de fato aconteceu. Já apelamos e estamos com esperança de reverter. Mas é difícil prever quando sai a decisão”, argumenta.
Quando à CPI, Caumo disse considerar importante o trabalho legislativo, mas considera que, em virtude da condenação judicial, ela perde um pouco de seu objetivo.
MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br