O movimento dos pássaros pretos chama atenção de quem passa pelo Parque dos Dick de manhã cedo ou aos fins de tarde. No meio do lago, há uma espécie de santuário, conhecida por frequentadores como “ilha dos pássaros”. No local, pernoitam espécies como tapircuru e caraúna.
Há cerca de três meses, o governo instalou um chafariz no lago. O Ministério Público abriu inquérito civil para investigar se a nova atração do parque prejudica as aves. Nos próximos dias, um biólogo do MP vai fazer uma verificação no local. Promotor responsável pelo caso, Sérgio Diefenbach afirma se tratar de questão bastante técnica.
“Se o técnico indicar medidas a serem tomadas, vamos sentar com o município para propor essas medidas. Se o biólogo disser que está tudo normal, arquivamos o inquérito”.
Reclamação de morador
A verificação surgiu a partir de uma reclamação do advogado Marco Mejía. Morador do entorno do parque e frequentador desde a infância, ele defende a preservação do bioma local e critica a instalação do chafariz.
“Apesar de todo mundo achar bonito aquele chafariz, ele está simplesmente atrapalhando a coisa mais linda que tem em Lajeado, aqueles pássaros vindo dormir no meio do lago. Não quero ir contra o avanço da cidade, quero que a gente respeite o local”, afirma.
De acordo com Mejía, o local chega a reunir mais de mil aves à noite. Ele explica que, além de ser um dormitório para esta espécie, funciona como berçário. Ele afirma que as plantas estão morrendo em função da interferência do chafariz no bioma, que estaria resfriando o local e causando umidade excessiva.
Pedido comunitário
O governo municipal informa que não recebeu nenhuma reclamação neste sentido e que não tem conhecimento sobre eventuais problemas causados pelo chafariz. De acordo o coordenador de serviços urbanos do município, Carlos Kayser, a atração foi um pedido dos usuários do parque.
“Em função da baixa oxigenação e a mortandade dos peixes, o pessoal vinha nos cobrando muito a colocação de um chafariz. É novidade para nós que estaria dando problema na ilha. Não temos conhecimento de nada neste sentido”, afirma.
MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br
