As novas regras para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação entraram em vigor ontem em todo o país, exceto no Rio Grande do Sul. Em função de uma decisão liminar do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), uma das principais mudanças anunciadas pelo governo federal ainda não ocorre no estado: o fim da obrigatoriedade das aulas com simuladores.
Enquanto alguns consideram dispensável a experiência no mundo virtual proporcionada pelo simulador, outros defendem a sua importância para quem estreia na direção. Entre críticas e apoios ao novo regramento para fazer a carteira de motorista, um consenso se destaca. O preço para se habilitar para conduzir veículos automotores no Brasil é muito alto.
O fim das aulas obrigatórias com simuladores é a medida anunciada pelo governo federal para baratear o custo. Ou seja, a fórmula encontrada foi tornar facultativo o suporte da tecnologia e reduzir a quantidade necessária de horas-aulas.
A carga tributária inserida no preço da habilitação, contudo, permanece intacta. Estima-se que mais de 32 % do valor pago pelo aluno para os tipos A e B da habilitação, por exemplo, são impostos.
Outra contradição, esta decorrente da falta de planejamento a longo prazo no país, é a dispensa do equipamento menos de seis anos após ter se tornado obrigatório. Após os altos investimentos para garantir a tecnologia, os Centros de Formação de Condutores (CFCs) verão os caros sistemas caírem em desuso.
Muito longe de reduzir a quantidade de aulas, a metodologia para formar condutores no Brasil precisa ser qualificada. O modelo atual carece de ajustes, tendo em vista que o aluno não sai apto a conduzir um veículo com segurança após finalizar o curso.
O excesso de velocidade, desrespeito às leis de trânsito, a falta de gentileza, de empatia e paciência são tônicas no dia a dia das ruas e estradas. A pressa se tornou justificativa para colocar a própria vida e a de outros em risco. O medo da punição supera o respeito à vida.
Da base na habilitação dos condutores, se espera alguém mais consciente e responsável. É necessário desenvolver uma nova cultura no trânsito, e isso pressupõe um processo de formação muito melhor.
