“Me tocou bastante o silêncio da emissora”

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“Me tocou bastante o silêncio da emissora”

O radialista Valmor Pereira, 58, atuou da Rádio Açoriana por 42 anos. Foi seu primeiro e último emprego. Criou uma relação sentimental com a emissora, da qual foi diretor por duas vezes. Há duas semanas, a rádio saiu do ar.…

“Me tocou bastante o silêncio da emissora”

O radialista Valmor Pereira, 58, atuou da Rádio Açoriana por 42 anos. Foi seu primeiro e último emprego. Criou uma relação sentimental com a emissora, da qual foi diretor por duas vezes. Há duas semanas, a rádio saiu do ar. Valmor ajudou a desmontar o estúdio  e precisou se despedir das transmissões.

• Como começou sua relação com o rádio?

Desde que eu me conheço por gente sempre fui um aficionado por rádio. Ia para os campinhos e ficava narrando. A gurizada jogando bola e eu narrando de brincadeira. Eu fui picolezeiro na infância. Eu estudava de manhã e vendia picolé de tarde, isso com 11, 12 anos. Mas não era um emprego. Lembro que uma das minhas primeiras aquisições foi um radinho de pilha, usado inclusive. Recordo quando uma tia fez aniversário e eu fiz uma homenagem para ela na Açoriana. O apresentador era o Manoel Pereira e me convidou para fazer ao vivo. Dei uma gaguejada, mas consegui.

• O que te atrai na profissão de radialista?

O que me atraía muito era aquela magia de ficar escutando em casa, minha imaginação fluía muito. Tinha muita curiosidade de como era do outro lado do rádio. Tanto da emissora quanto do aparelho. Comecei como operador de áudio. Tinha um programa terceirizado de um contabilista de General Câmara. Quando ele não podia vir, eu fazia o programa. Aí surgiu o Valmor locutor. Depois virei repórter de campo. Mais tarde, saiu o narrador e eu me aventurei também neste campo. E foi onde eu alcancei uma projeção muito grande.

• Como foi o primeiro dia após o encerramento das atividades da emissora?

O dia do encerramento foi difícil, o peso da despedida. Foi no sábado, 31. Por um lado, a gente já foi assimilando aquele ar de despedida. Às 19h, quem estava era o meu colega, Sidinei Martins e coube a ele fazer o encerramento das transmissões e desligar tudo. Fiquei em casa escutando e me tocou bastante o silêncio da emissora. Foi bastante triste. Mas sou agradecido à Açoriana. Matei minha curiosidade infanto-juvenil de como funcionava uma rádio e acabei aprendendo o ofício.

• Agora que a rádio saiu do ar, quais são seus planos profissionais?

Eu estou aposentado, então eu posso simplesmente parar e até acredito que isso possa acontecer. Como era uma emissora pequena, por muitos anos eu não tirei férias. Já existe uma proposta de uma emissora para conversar. Mas ainda estou aguardando a rescisão do contrato. Vou deixar a poeira baixar, dar uma relaxada e ver o que vai ser da vida.

MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br

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