Me peguei pensando – de novo – no quanto a história registrada nos livros é masculina. Reis, presidentes, imperadores, cientistas, artistas, nomes de ruas. A gente pouco sabe de qual foi o papel desempenhado por nossas ancestrais antes de chegarmos aonde estamos.
Aprendemos já na escola a reconhecer, exaltar e tomar como exemplo a trajetória de homens historicamente emblemáticos e, nesse exercício de somente enxergar o masculino, o cérebro interpreta que só o gênero “forte” é quem estampa livros e lembranças sociais.
Ouvi incontáveis relatos de histórias de família aonde “o meu avô construiu uma empresa do zero”, “meu pai saiu da miséria e sustentou a família”, “meu bisavô veio da Alemanha e carpiu o Rio Grande do Sul inteiro a facão”. Onde estavam essas avós, mães, bisavós? Fomos ensinadas a reconhecer os benfeitores como os homens quando, na verdade, “carpiu-se esse solo gaúcho” a quatro mãos, um par do homem e, o outro, da mulher.
Mais do que isso, você já perguntou às mulheres da sua família como foi a vida delas? O que fizeram? Quais as suas dores e alegrias? Equilibrar o protagonismo da história daqui para frente, começando pelas famílias, é o nosso papel de agora. JÁ!!! Sente-se com sua mãe, tia, avó, bisavó e escute. O ponto de vista feminino pode ser engrandecedor e surpreendente. E se você tiver filhos e filhas, conte as histórias dessas grandes mulheres da família.
Percebo dia após dia que para nós mulheres falta certa referência histórica de mais mulheres fortes com quem possamos nos identificar, inspirar, reverenciar. E que comece dentro das nossas famílias em histórias que sejam mais do que “minha avó era uma mulher muito amorosa… exímia cozinheira”. Que sejam do tipo “minha avó usou sua grande habilidade em matemática para administrar e prosperar a empresa aberta por ela e meu avô”. Por que a gente sabe que o avô nunca fez nada sozinho, me desculpem.
Como já disse Rupi Kaur no livro O que o sol faz com as flores: “Me levanto, sobre o sacrifício
de um milhão de mulheres que vieram antes e penso: o que é que eu faço para tornar essa montanha mais alta para que as mulheres que vierem depois de mim possam ver além?” Bom fim de semana.
