Uma reunião na semana passada praticamente decretou a decisão da maioria dos vereadores lajeadenses. Eles querem aumentar de 15 para 17 o número de cadeiras no Legislativo por meio de emenda à Lei Orgânica. A infeliz ideia é um retrocesso e um vexame para a principal cidade do Vale do Taquari. De imediato, estamos falando em um aumento de R$ 450 mil anuais na folha salarial da Câmara para custeio dos novos parlamentares e seus assessores. É constrangedor!
E para evitar um constrangimento ainda maior, a ideia dos astutos vereadores é incluir essa mudança em um rol de outras tantas emendas à Lei Orgânica. No plenário, querem votar as emendas em bloco. Ou seja, uma única votação para aprovar a nova Lei Orgânica, sem entrar nos pormenores. Com isso, eles não precisam votar, especificamente, o aumento no número de parlamentares, amenizando o desgaste perante o eleitor.
Esse tipo de decisão não poderia, de forma alguma, tomar forma dentro do próprio Legislativo municipal. Ora, eles praticamente estão legislando em causa própria. Afinal, a maioria deles será diretamente beneficiada com essa medida em uma candidatura à reeleição. Sejamos coerentes. Essa decisão só poderia ser tomada mediante uma consulta pública deliberativa. Ou mediante uma assembleia municipal. Mas não pode, de forma alguma, ser decidida dentro do gabinete de quem será diretamente beneficiado.
É triste ver que jovens e expoentes vereadores devem embarcar nessa infeliz decisão. Gente que se intitula como sendo a “nova política” fazendo o velho jogo da política, tão enraizado no nosso frágil Brasil. Em um momento onde se discute o excesso de Estado, onde a maioria clama por menos agentes públicos e menos burocracia, nossos nobres vereadores insistem em andar na contramão da história para garantir mais um mandato logo adiante. É triste, reforço. E vai ficar marcado na paleta de cada um que votar favorável, acreditem.
O número atual de 15 vereadores é alto. Minimamente aceitável. Mas aumentar o que já beira ao excesso é um disparate. É vulgar. É desonesto com a comunidade que hoje clama por remédios, consultas médicas, vagas em creches, pavimentações, melhorias em escolas, entre outras demandas infinitamente mais relevantes. Nossa câmara já custa hoje R$ 3,5 milhões anuais em salários, afora aluguel e material administrativo. E este deve ser o orçamento fixo. Aumentar essa cifra é dar um verdadeiro “tapa na cara” de cada contribuinte lajeadense.
RODRIGO MARTINI – rodrigomartini@jornalahora.inf.br