O passeio do Trem dos Vales é encantador. São duas horas e meia de paisagens exuberantes, 23 tuneis e 17 viadutos. Um espetáculo da natureza e da engenharia. Obras das décadas de 60 garantem ao Vale do Taquari uma oferta de passeio exclusivo no estado e no país.
A abundância natural é tamanha que até urubus sentados sobre os corrimões dos viadutos viram atração. “Olha lá, que lindo. Um bando de urubus sentados no muro”, exclama uma das turistas a bordo. Ao passo que o trem se aproxima, levantam voo em sincronia, um atrás do outro, abrem as asas e descem. Sim, descem. Descem porque a altura dos viadutos, que nos permitem perspectivas panorâmicas a perder de vista, é impressionante. “Só fico pensando como construíram isso tudo naquela época”, observa outro turista.
A Amturvales e todas as pessoas – da iniciativa pública ou privada – engajadas no passeio merecem o reconhecimento regional. Tiraram do papel um projeto sonhado desde a década de 80.
“Adeus ou até breve?”, provocou a chamada de capa do A Hora de ontem. E a dúvida é exatamente essa. A aprovação unânime de quem fez o passeio é combustível para os organizadores continuarem mobilizados para que o trem faça parte – e será a cereja do bolo – das ofertas de turismo do Vale do Taquari.
Para destravar os nós burocráticos, será necessária uma dose considerável de vontade e mobilização política. No Estado, o secretário de Turismo, Rui Irigaray, fez o passeio e já assumiu compromisso em ser “parceiro”. Em nível federal, que trata sobre a exploração da ferrovia, existe um caminho a ser percorrido, mas nada inviável.
A síntese é que a região está muito próxima de ter um atrativo turístico permanente capaz de colocar o Vale do Taquari em destaque estadual e nacional. Se vingar, como tende a acontecer, a região dará um salto no segmento turístico e inicia um novo ciclo virtuoso de desenvolvimento e atração de visitantes.
FERNANDO WEISS – fernandoweiss@jornalahora.inf.br