“Sempre levava a máquina de costura embaixo do braço”

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“Sempre levava a máquina de costura embaixo do braço”

O que um militar candidato à presidência, o docinho mais popular do país e um par de tênis dizem sobre o Brasil? Com pesquisas como essa, a estudante Júlia Rosa, 26, defende que a moda vai além da forma de…

“Sempre levava a máquina de costura embaixo do braço”

O que um militar candidato à presidência, o docinho mais popular do país e um par de tênis dizem sobre o Brasil? Com pesquisas como essa, a estudante Júlia Rosa, 26, defende que a moda vai além da forma de se vestir.

Como o ativismo se insere na moda?

As pessoas estão desafiando as regras que excluem. A moda está deixando de ser uma coisa para poucos e se tornando uma forma de luta. Nas passarelas do SPFW, a gente vê designers fazendo moda com propósito. Na faculdade, fiz um trabalho de pesquisa de tendência, que estuda realmente o que está rolando na sociedade, e traduz para a linguagem da moda. A minha categoria foi a gastronomia. A proposta era customizar um tênis, usando a nossa visão de designer. Foi bem na época da última eleição presidencial. Escutei um podcast da Folha de S. Paulo, que me chamou a atenção. No final da Era Vargas, um dos candidatos era o Brigadeiro (patente militar) Eduardo Gomes. O slogan era “vote no Brigadeiro, que é bonito e solteiro”. Um candidato ficar tão popular por causa de um docinho é muito brasileiro. Então, eu fiz uma campanha presidencial entre o Brigadeiro do Pé da Esquerda e o do Pé da Direita. Coloquei elementos bem parecidos nos dois tênis, com uma brincadeira de que, afinal, todo mundo quer a mesma coisa – liberdade, segurança, paz. Minha intenção foi chamar a atenção do brasileiro para conhecer sua história e saber que, às vezes, a gente se repete.

Por que você se interessou pela área?

Costuro desde os 13 anos. Tudo o que sei de costura e modelagem, aprendi sozinha. Nessa idade, me meti a customizar roupas. Comprava em brechós, e alterava. A costura sempre foi um hobby. Fui fazer intercâmbio, e sempre levava a máquina de costura embaixo do braço. Em 2016, quando voltei para Lajeado, resolvi fazer uma cadeira no curso de Moda, e me encantei. Descobri a moda como algo além da costura.

Como se separa moda de estilo?

Moda é um movimento social. Vai muito além de roupa, é tendência. A sociedade se manifesta através da roupa: cultura, situação financeira, protestos. Isso é a Moda, e estilo está dentro; está ligado à confiança, autoestima. O estilo pessoal está muito ligado ao que tu gosta; é uma coisa que tem que ser desenvolvida com autoconhecimento. Uma pessoa estilosa não é quem só se veste bem, mas sim quem está bem consigo mesma, que se ama, se aceita e se entende.

Quem é a Coco Chanel da nossa época?

A gente fala muito de marcas internacionais, mas temos designers maravilhosos aqui. Todo mundo deveria conhecer o Ronaldo Fraga e o João Pimenta. A moda brasileira tem muito a oferecer para o mundo.

GESIELE LORDES – gesiele@jornalahora.inf.br

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