Dicionário eterniza dialeto

SAPATO DE PAU

Dicionário eterniza dialeto

Livro será lançado na noite de hoje, durante a programação da Feira Municipal do Conhecimento. Obra conta com mais de 6,2 mil palavras traduzidas ao português e alemão

Vale do Taquari

Mais de 6,2 mil palavras traduzidas ao português e alemão. Cerca de 500 páginas divididas em seis capítulos, incentivando e preservando das tradições e origens do município. O Dicionário da Língua Westfaliana Brasileira será lançado oficialmente na noite de hoje, representando um marco para a cultura local.
Conhecido como “sapato de pau”, o dialeto Plattdüütsk transcende gerações em Westfália e é a língua cooficial do município há três anos. Agora, terá um registro escrito pela primeira vez, concretizando uma ideia surgida há 20 anos, quando ocorreu o 1º

Encontro do Sapato de Pau.

Escritor e pesquisador, Lucildo Ahlert organizou a obra, com a ajuda de integrantes do Grupo Amigos do Sapato de Pau. Segundo ele, naquela ocasião, o encontro teve o objetivo de lembrar a origem dos antepassados e incentivar a continuidade do uso do dialeto. Contudo, a ideia não prosperou nos encontros seguintes.
“A ideia foi retomada em 2013, quando propomos o projeto da criação do Grupo Amigos do Sapato de Pau. E agora se transforma em realidade”, comenta Ahlert. Além dos verbetes, o dicionário conta com regras da escrita, história da imigração e das características da cultura westfaliana, aspectos da história do município, contos, provérbios e pensamentos, com humor do cotidiano do povo.
O lançamento da obra integra a programação da 11ª Feira Municipal do Conhecimento, evento promovido pelo governo municipal. A noite reserva ainda apresentações do Coral Municipal, do Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Westfälische Tanzgruppe e do Grupo Amigos do Sapato de Pau.

Aproveitamento da obra no futuro

O Dicionário da Língua Westfaliana também terá reflexo no ensino. A intenção, segundo a secretária municipal de Educação, Elisangela Schneider Wiethölter, é que a o dialeto possa ser trabalhado com alunos futuramente.
“Sem dúvidas, o dicionário viabiliza o ensino e a aprendizagem desse dialeto, fazendo com que essa cultura não se perca no município. Mas temos um longo caminho pela frente. A parte gramatical precisa ser trabalhada e as regras, como em qualquer língua, precisam ser construídas para serem ensinadas. ”, comenta.
Elisangela ressalta também a importância do dialeto estar registrado em um dicionário, disseminando a cultura pelo município.
“Antes, ele era visto até de forma pejorativa. Agora, pelo contrário, se vê como uma valorização da cultura local”, avalia.
Segundo ela, haverá doação para escolas e famílias interessadas, que deverão atender a uma série de critérios que serão divulgados pela administração. Também será disponibilizado um exemplar na Biblioteca Municipal.

Diferencial

Para o presidente da Alivat, Deolí Graff, o dicionário é um marco também para a cultura regional, pois o dialeto também é praticado por moradores de municípios como Colinas, Imigrante e Teutônia. “Preservar o idioma de origem, mesmo estando na pátria brasileira, é o diferencial da comunidade de Westfália. Saber se comunicar em dois idiomas tem um valor imenso”, opina.
Graff lembra também que a cultura regional é marcada por quatro quadrantes étnicos: açoriana, italiana, alemã Hunsrück e westfaliana. “Essa diversidade forma a riqueza do nosso patrimônio artístico e cultural”.

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