População cresce em 26 cidades e reduz em 12

DE 2010 A 2019

População cresce em 26 cidades e reduz em 12

Nova estimativa populacional foi divulgada pelo IBGE ontem. Fazenda Vilanova apresentou maior aumento percentual no período, enquanto Sério foi o que mais perdeu habitantes

População cresce em 26 cidades e reduz em 12

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem, a estimativa populacional do Brasil para 2019. O levantamento mostra que o Vale do Taquari mantém a tendência de crescimento nos últimos anos. A região alcançou a marca de 371 mil habitantes, somando a população dos 38 municípios.
Se comparado com os resultados do Censo Demográfico de 2010, a região viu sua população crescer 9,53%. Há nove anos, 339 mil pessoas residiam no Vale. Segundo o estudo, 26 municípios apresentaram um aumento populacional neste período, enquanto os 12 restantes tiveram queda no número de habitantes.
Situado às margens da BR-386 e tendo sua base econômica na agricultura, Fazenda Vilanova se destaca com um aumento populacional de 18,44% em nove anos, quase o dobro do índice regional. O município é seguido por Teutônia e Lajeado. Este último, com 84 mil habitantes, é o mais populoso da região e o 21º do RS.
Por outro lado, Sério registrou uma queda populacional de 16,25% em nove anos. Sua população, que era de 2,2 mil, caiu para 1,9 mil. Pouso Novo e Vespasiano Corrêa, municípios de porte agrícola, também estão entre os que tiveram maior redução no número de habitantes.

Censo ameaçado

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Os números divulgados ontem pelo IBGE tratam de uma estimativa. Ou seja, não são exatos. São feitos por procedimento matemático e são o resultado da distribuição das populações dos estados, projetadas por métodos demográficos, entre seus diversos municípios.
Segundo o IBGE, as estimativas populacionais municipais são um dos parâmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o cálculo do Fundo de Participação de Estados e Municípios e são referência para vários indicadores sociais, econômicos e demográficos.
Já o Censo Demográfico, previsto para ser realizado novamente em 2020, está ameaçado. Recentemente, o IBGE alertou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que o trabalho fica inviabilizado caso não sejam liberados mais recursos. O órgão pede pelo menos R$ 2,3 bilhões para organizar a pesquisa, enquanto o governo teria reservado R$ 2 bilhões.

Da capital para o Vale

Depois de residir por 21 anos em Porto Alegre, o catarinense Dilson Comunello, 49, trocou o agito da capital pela tranquilidade do interior. Há dois anos, fixou residência no interior de Fazenda Vilanova, próximo à divisa com Teutônia. E não se arrepende da decisão.
Comunello adquiriu um sítio há nove anos no município, cerca de 7 quilômetros da área urbana. “Vinha todo final de semana para lazer, fugindo um pouco da cidade grande. Aí me aposentei e resolvi me mudar em definitivo. Trouxe a esposa, a mãe e a filha. Estou gostando muito daqui”, comenta.
Um dos pontos positivos de residir em Fazenda Vilanova, para ele, é o deslocamento e o envolvimento na comunidade. “Minha filha tem 12 anos e o ônibus escolar passa na frente de casa. Em Porto Alegre, eu tinha que levar e buscar na escola”, cita ele, que também faz parte até do CPM da escola.

ENTREVISTA

“A região se destaca economicamente, e isso atrai migrantes de outras regiões nacionais e internacionais”

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Professora do Centro de Gestão Organizacional e coordenadora do curso de Relações Internacionais da Univates, Fernanda Cristina Wiebusch Sindelar atribui o aumento populacional ao crescimento econômico e dinamismo regional. Já a redução de habitantes em municípios como Sério tem relação com o distanciamento geográfico e dificuldade na atração de investimentos.
A Hora: A que se atribui este crescimento populacional do Vale, que é maior se comparado a outras regiões gaúchas?
Fernanda: Acredito que está diretamente relacionado ao crescimento econômico e dinamismo regional, atraindo muitos trabalhadores devido a oferta de vagas de emprego. Aqui no Vale do Taquari, a cadeia do agronegócio movimenta muito as atividades econômicas, desde o setor primário, passando pelo processamento industrial, e o desenvolvimento de serviços e comércio varejista. A região é uma das que se destaca economicamente e isso atrai migrantes de outras regiões nacionais e internacionais interessados em ocupar os postos de trabalho.
A Hora: Por que cidades como Fazenda Vilanova apresentam um crescimento acima da média do Vale, enquanto outras como Sério e Pouso Novo veem sua população diminuir gradativamente?
Fernanda: Acredito que tenha relação direta com a instalação de empresas nos municípios, incentivadas pelo poder público por meio da concessão de auxílios e subvenções. No entanto, Sério já é um exemplo de município agrícola que historicamente tem dificuldades de atrair investimentos para o município (indústrias), e em não conseguindo desenvolver este setor, também o setor de serviços acaba não se desenvolvendo, de modo que a população jovem vai migrando para centros maiores, especialmente na região o município de Lajeado, e ocorrendo um envelhecimento da população. O mesmo ocorre com Pouso Novo, onde a atividade agrícola também é significativa, assim como o município está distante do polo econômico principal da região.
A Hora: Lajeado teve um crescimento acima da média nesse período, superando cidades gaúchas do mesmo porte. Esta tendência deve continuar para os próximos anos, visto que o Vale economicamente é uma das regiões que mais se destaca?
Fernanda: “Lajeado é um polo de atração de população regional e intrarregional. É uma cidade que apresenta importantes indústrias de transformação, especialmente do setor alimentício, assim como um setor de serviços bem desenvolvidos. Acredito que esse dinamismo deve continuar nos próximos anos, em virtude do desempenho econômico, mas que também pode ser fomentado por iniciativas locais como por exemplo o Pro_Move, que busca transformar a cidade em um polo de inovação”.
 

MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br

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