Hoje é comemorado o Dia Internacional do Gamer. Natural de Encantado, Jéssica Bagatini, 26, é diretora de criação em propaganda e ilustradora freelancer, mas acima de tudo apaixonada pelos videogames, tema na qual apresentou o seu trabalho de conclusão de curso e planeja escrever um livro
Quando despertou a sua paixão pelos jogos?
Minha família não tinha condições financeiras para bancar um console quando eu era criança, então, eu só comecei a jogar lá pelos 8 anos. Meus primeiros contatos foram com um fliperama antigo, onde jogava Mortal Kombat com meus amigos. Existia uma disputa saudável, e essa experiência em especial foi o que despertou a minha paixão pelos games.
O que os games te proporcionam no dia a dia?
Diversos aprendizados. Ajudaram a melhorar a capacidade cognitiva, e a desenvolver a criatividade. Alguns jogos serviram de inspiração para ilustrações que fiz e até mesmo trabalhos do dia a dia na agência. Eles foram também a principal inspiração para o meu trabalho de conclusão de curso. Além disso, conheci profissionais incríveis e fiz diversas amizades. Atualmente, tenho me dedicado mais aos estudos sobre o tema. A forma de jogar evolui com as tecnologias e eu adoro testar e entender como elas funcionam.
Como surgiu a ideia de escrever um livro?
Estudar o comportamento de um grupo tão amplo requer muito conhecimento. Por isso decidi produzir um livro abordando isso, como um guia. Chamo de Grimório Gamer, cuja ideia principal é fazer com que o leitor, que não está acostumado a jogar, sinta uma emoção similar à imersão proporcionada pelos jogos.
Por que a cultura do videogame é tão associada ao público masculino?
Os jogos foram criados em uma época em que as brincadeiras eram divididas entre menino e menina. Meninas deviam brincar de boneca, e meninos tinham todo um universo para explorar. Ao longo das décadas isso foi sendo modificado. As mulheres passaram a trabalhar com isso, além de apenas jogar. É um cenário que está mudando aos poucos, apesar de ainda haver muita polêmica na construção de jogos e personagens, que costumam ser direcionados ao público masculino. Em um panorama geral, o papel da mulher no mundo gamer tem mudado. O fato de ter um espaço para falar sobre já é um grande passo para a mudança.
Ao que se deve a popularização dos jogos?
As pessoas querem se sentir bem, querem socializar e serem ouvidas. E os games proporcionam tudo isso. Os jogos produzem uma cultura muito rica, em termos de conteúdo e também financeiro, e com isso se transformaram em um estilo de vida. Eles passaram a preencher as lacunas do dia a dia dos jogadores. Servem para preencher o vazio, aliviar o estresse, enfrentar a solidão e superar problemas. Não é sobre vender produtos, é sobre emocionar pessoas. E a emoção movimenta a indústria.
CAETANO PRETTO – caetano@jornalahora.inf.br