Emissora de mais de meio século deve sair do ar

Taquari

Emissora de mais de meio século deve sair do ar

Governo enviou à câmara projeto para fechar a Rádio Açoriana, que atua desde 1964. Motivo apontado é financeiro

Emissora de mais de meio século deve sair do ar

Em junho de 1968, a população taquariense ouvia pela primeira vez as transmissões da Rádio Açoriana. A emissora, que havia iniciado atividades em 1964 como Rádio Centenário, foi fechada e reabriu com o nome atual. Em meados de 1984, o então proprietário não tinha mais interesse em manter as atividades.
Iniciou-se uma campanha, que teve apoio da câmara de vereadores, e o governo decidiu adquirir a emissora e o jornal O Açoriano, fechado em 2016. Após mais de 50 anos de serviços prestados ao município, o sinal da emissora deve ser desligado nos próximos dias.
O governo confirma a intenção de extinguir a Empresa Jornalística e de Radiodifusão Açoriana (EJORA), porém a decisão ainda depende do aval da câmara de vereadores.
“Fizemos de tudo: equipamentos novos, equipe completa, qualificamos a redação. Mas não foi suficiente. Estamos tristes. Mas conscientes de que é o melhor para a cidade”, lamenta o prefeito Emanuel Hassen de Jesus, o Maneco.
Atualmente, a rádio conta apenas com uma diretora e dois locutores operadores. De acordo com Maneco, o sinal deve sair do ar no dia 1º de setembro e a concessão será devolvida ao Ministério das Comunicações.

Mais que uma empresa, um organismo

Valmor Pereira começou a trabalhar na Açoriana aos 16 anos. “Entrei guri, foi meu primeiro emprego e único emprego”, recorda. O gravador era de rolo e os jingles, em vinil de 78 rotações. Aos 58, ele recebe com tristeza a notícia do fechamento.
“Ela é mais que uma empresa, é um organismo do município, que faz parte da história e vai fazer falta. Temos recebido muitas manifestações de pessoas que estão sentidas. Mas eu entendo que o prefeito não encontrou outra solução”, diz.
Pereira recorda que até três anos atrás a rádio ainda contava com departamentos de esporte e jornalismo e cerca de 16 funcionários. Mesmo aposentado, ele pretende buscar outra atividade no radiojornalismo.

Passivo trabalhista

O custo mensal de manutenção da emissora é de pouco mais de R$ 10 mil, mas já foi de mais de R$ 80 mil. Porém, o maior custo é com processos trabalhistas. O governo não tem uma estimativa do valor.
“Em apenas uma reclamatória reduzimos o valor em R$ 1,5 milhão. De tempos em tempos, há novas reclamatórias e novas dívidas”, diz Maneco.
Desde a fundação, ele estima que a empresa consumiu mais de 50 milhões em recursos públicos atualizados, entre manutenção e processos trabalhistas.
 

MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br

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