Preocupação com Amazônia motiva vigília em Lajeado

Lajeado

Preocupação com Amazônia motiva vigília em Lajeado

Ato ocorreu no anoitecer de ontem e também tratou sobre formas de preservar o ambiente na região

Preocupação com Amazônia motiva vigília em Lajeado

As queimadas na Amazônia e posicionamento do governo quanto à preservação ambiental foram temas da Vigília Abraço à Amazônia. O encontro ocorreu ontem, 26, e reuniu cerca de 50 pessoas na rotatória em frente à Biblioteca da Univates.
Em formato de roda de conversas, participantes expuseram preocupação com o desmatamento na maior floresta tropical do mundo. “Objetivo é mostrar às pessoas a importância da biodiversidade amazônica e a necessidade de conservá-la”, resume o coordenador da Ecobé, Maicon Toldi.
Representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), Eduarda Scherer criticou a banalização do meio ambiente. A falta de preservação, na opinião de Eduarda, também ocorre com menos intensidade em todas as regiões do Brasil.
A afirmação foi reforçada pela coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates (PPGAD), Neli Galarce. “Olhamos para a Amazônia e não percebemos que, para abrir uma rua em Lajeado, precisamos desmatar o pouco que resta da nossa Mata Atlântica”, exemplifica.
Na opinião da professora, a sociedade age com hipocrisia ao cobrar preservação ambiental, mas manter hábitos de consumo que incentivem o desmatamento das florestas.
Representante do núcleo regional da Sociedade Vegana Brasileira (SVB), Jéssica Schuster afirmou que pesquisas apontam desmatamento na Amazônia para produção de carne. “Temos mais animais para abate que pessoas no Brasil. São seres que precisam se alimentar e de espaço”, explica. Para ela, evitar ou diminuir o consumo de carne seria uma das ações para preservar o ambiente.

Cerca de 50 pessoas participaram da “Vigília Abraço à Amazônia” em frente ao Teatro da Univates

Cerca de 50 pessoas participaram da “Vigília Abraço à Amazônia” em frente ao Teatro da Univates

“Décadas de diálogos perdidas”

Professor de História e Relações Internacionais da Univates, Mateus Dalmáz avaliou o impacto do “desdém à agenda ambiental” na política externa. Para ele, o governo Bolsonaro pratica o mesmo discurso que ajudou a elegê-lo nas cúpulas internacionais e acaba causando afrontamento com outras autoridades.
A preferência por questões econômicas ao meio ambiente, lembra Dalmáz, é modelo adotado pelos Estados Unidos. Além do Brasil, se replica em outros países como Itália, Hungria e Polônia.
Na opinião do professor, o posicionamento brasileiro acaba afetando negativamente as relações internacionais e pode causar rupturas em negociações. “Os governos de FHC e Lula tinham preocupações ambientais e e demoraram décadas para construir diálogo com outros países. Estamos perdendo isso e vamos demorar outras décadas para recuperar”, avalia.
Além da Vigília, o PPGAD da Uniates também organizou uma conversa sobre “Mudanças climáticas e as políticas governamentais de enfrentamento”. Atividade contou com a participação do professor Alvaro Sanches Bravo, da Universidade de Sevilha.

ENTREVISTA

“Por não ter respostas, é preciso preservar”

Professor de paleontologia da Univates, André Jasper estuda as mudanças climáticas no decorrer das eras. Ele ressalta a preocupação com as queimadas e a importância do bioma amazônico ao mundo.

De que forma essas queimadas podem impactar o clima e chegar ao Rio Grande do Sul?

Vivemos em uma era onde é necessário respostas diretas e sucintas. Mas a questão ambiental não tem esse tipo de resposta, pois o ‘ambiente Terra’ é complexo. Portanto a gente até pode dizer que parte da fumaça vai parar no Rio Grande do Sul em algum momento, mas não temos como dizer que teremos efeito. Justamente por não ter respostas, é preciso preservar, pois não se sabe as consequências curtas, médias ou longas.

Qual a importância da floresta amazônica?

As pessoas ainda não se deram conta de quanto é grave a devastação da floresta amazônica. A Amazônia influencia indiretamente o oxigênio, o clima e a nutrição dos oceanos. É um sistema bem complexo. Devemos parar de avançar sobre a floresta. É um ação que pode causar impactos negativos.

Como você analisa a mudança dos consumidores quanto às questões ambientais?

É muito importante. Talvez não seja à expressa maioria dos consumidores, mas com certeza vários mercados tem a conservação ambiental como ponto chave. Pensando no mundo globalizado, se um grupo consumidor disser que não quer produtos vinculados a tipo de ações prejudiciais ao ambiente, isso tem um impacto direto na economia.
 

FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br

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