A mudança, definitivamente, tem que ser de dentro para fora. E dentre os aspectos que a transformação do século XXI nos demanda como gestores, há um em que a figura do líder irá pesar muito na balança dos negócios. Idris Mootee, um dos mais influentes pensadores do design thinking para estratégias de negócios do mundo, aponta que Comando e Controle precisam abrir espaço para “empoderamento criativo e intraempreendedorismo”, como forma de quebramos os paradigmas da industrialização e avançarmos em direção a modelos campeões, capazes de nos fazerem superar os desafios do mercado.
No Brasil, de modo geral, há todo um agravante em função da economia. Apenas para reforçar o tamanho da peleia, há alguns meses o IBGE divulgou dados que identificam a década 2011 – 2020 como a nova Década Perdida no país, superando negativamente a década de 1980. Estudos apontam, ainda, que desde 1901 não se tinha uma performance tão pífia para a economia nacional, com o crescimento médio de 0,9% ao ano.
Pensar que a saída passa pelas reformas do governo faz todo sentido, mas não é o suficiente. Porque passa também pela mudança no modo de todos nós pensarmos e agirmos. Jorge Paulo Lemann, fundador e sócio do 3G – que controla empresas como Anheuser-Busch InBev, Kraft Heinz e Burger King – já se disse um dinossauro apavorado diante da forma com que o mercado mudou e como o novo consumidor age. Aquisições de startups e outras empresas inovadoras e/ou de seus produtos vêm ocorrendo continuamente na indústria, na saúde, no agro e muito mais. Lemmann, por exemplo, disse que na área de bebidas não tem o que fazer para combater o avanço das cervejarias artesanais, a não ser comprá-las.
A questão não é, porém, apenas dinheiro no bolso. A chegada das novas gerações ao mercado, a busca por melhor qualidade de vida nos ambientes laborais e as relações trabalhistas que serão constituídas nos próximos anos exigirão de empresários e gestores uma nova pegada. No livro Leader Coach – Coaching como filosofia de liderança, o presidente do IBC, José Roberto Marques, decreta o fim do conceito “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Incentivar o intraempreendedorismo será fundamental, assim como, desenvolver novas formas de lidar com problemas, estabelecer políticas organizacionais coerentes, compartilhar a visão das coisas e dar (e aceitar receber) feedback claro e objetivo. Quem já pratica conhece os resultados!
Definitivamente, o perfil do líder inspirador, que sabe ouvir e motivar equipes deixou de ser trabalho apenas para as pessoas de RH. Passou a ser competência obrigatória para quem quiser virar a chave e encontrar um melhor caminho para seguir em frente com sucesso nos negócios. Saber como (e a quem) empoderar vai ser condição sine qua non para as empresas não se canibalizarem. Vamos esperar para ver?
