Natural de São Gabriel, Protógenes da Cunha Nunes se formou em Medicina em Porto Alegre, especializou-se pediatra e mudou-se para Estrela faz 46 anos. Criou o Corpo Clínico do Hospital Estrela, que presidiu por oito anos. Apaixonado por fotografia e poesia, aos 77 anos diz que a Medicina é seu hobby. Quando perguntado sobre o que o motiva a seguir na profissão, ele não fala, escreve: “paixão”
Como foi se formar em Medicina?
Meu tempo era dividido em minutos, para trabalhar e estudar. Quando fiz anatomia, dissecava cadáveres das 19h à meia noite, porque era o único horário que eu podia. Depois fiz residência médica no Hospital Santo Antônio. Quando eu fiz a segunda residência, era chefe da hidratação, da emergência e dos residentes.
Como você veio morar em Estrela?
Naquele ano em que ganhei o título de especialista em Pediatria, entraram onze especialistas e eu só teria vaga em dez anos. Uma certa manhã, o doutor Franklin Farinatti me perguntou por que eu não ia para Estrela, que precisavam de pediatra. Era sexta-feira e eu tinha folga à tarde. Peguei meu Fusquinha 66 com teto solar e minha esposa e vim conhecer Estrela. Cidadezinha organizada e florida. O hospital deixava a desejar, era antigo. Me encantei: é aqui que eu vou fazer minha clínica. Fui o primeiro especialista da região. Sou o decano dos pediatras.
O senhor tem planos de parar com a Medicina?
Só paro quando a minha cabeça não funcionar mais. Posso vir trabalhar de cadeira de rodas. É meu hobby. Meus colegas perguntam: você ainda trabalha? E eu digo: não trabalho, eu me divirto. Trabalho com criança, recém nascido, só gente bonita. É claro que tem desafios de vez em quando.
Qual o maior desafio de trabalhar com a saúde de crianças?
Fiz o primeiro vestibular e não fui aprovado. Aí fiz o teste psicotécnico e deu cirurgia plástica, psiquiatria e clínica. Mas quando eu fiz pediatria no Hospital Santo Antônio com o doutor Gentil Bonetti eu me encantei pela clínica. Esse é meu chão. Pegava carona com ele. Nas viagens de ida e volta eu ia perguntando e anotando informações e autores. Ele tinha prazer em me ensinar e eu prazer em aprender. Foi meu mestre. Com ele eu decidi fazer pediatria, adoro o que faço, não faria outra coisa. Adoro gente, adoro estar perto de pessoas. Não tenho preconceito nenhum.
MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br