A falta de qualidade nos serviços das operadoras de internet e telefonia na região começa a sofrer consequências. Nesta semana, a Justiça não tardou em acatar o pedido de liminar feito pelo Ministério Público de Encantado para impedir que a Vivo firmasse novos contratos com clientes na área da comarca do órgão.
Conforme a decisão, a empresa não poderá vender planos em sete municípios da região alta do Vale do Taquari, ficando sujeita à multa em caso de descumprimento. Entre outras medidas, precisará apresentar, em prazo de até 30 dias, um relatório com providências para qualificar o serviço e, em 60 dias, obras de melhoria.
A iniciativa do MP de Encantado merece o reconhecimento regional por transformar as inúmeras reclamações de usuários em uma ação judicial consistente, capaz de colocar a operadora na obrigação de mudar a sua postura em relação à cobertura em parte importante da região.
Anteriormente, outro movimento liderado pela Amvat e pelo Codevat junto ao Procon exigiu das quatro empresas que operam na região respostas com planos de investimentos.
Em pleno 2019, a importância do acesso qualificado à internet é indiscutível. Ficar sem sinal ou sem acesso à rede mundial de computadores representa perder competitividade para empresas. Além de impactar sobre a vida e o acesso ao conhecimento.
Jovens moradores de cidades interioranas optam por deixar o município de origem também pela falta desse serviço.
Quando se fala em êxodo rural, uma forma de evitar essa migração é levar ao campo os confortos da cidade. Isso implica em garantir, entre outros fatores, uma estrutura eficiente que proporcione acesso veloz a internet e um sinal estável de telefonia móvel.
Os dados ajudam a comprovar a análise da Anatel. Conforme o órgão, o RS é o terceiro estado da nação com mais áreas sem sinal de telefone móvel. No país, há 4,5 milhões de excluídos digitais espalhados em 2,2 mil distritos, em 21 estados.
De fato, a privatização das telecomunicações na década de 90 trouxe melhorias. Por outro lado, ainda falta uma cobrança mais incisiva das agências públicas sobre as prestadoras do serviço e, sobretudo, uma política nacional para garantir a cobertura em todo o território nacional.
