O desejo de um empresário em resgatar parte da história da comunidade de Pontes Filho, transformando um antigo moinho em ponto turístico e junto com isso gerar energia elétrica, motivou o investimento na restauração do complexo às margens do Arroio Boa Vista.
É o que afirma um dos proprietários da HT Geração de Energia, Vilson Elemar Hunsche. O empreendimento e o impacto ambiental da instalação de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) serão abordados em audiência pública na tarde de hoje. O encontro ocorre no salão da comunidade Pontes Filho, a partir das 14h30min.
A obra da pequena hidrelétrica está em fase de conclusão. O projeto estipula também melhorias no entorno do complexo, limpeza do canal adutor de água e as restaurações do antigo moinho e de uma casa centenária no estilo suíço. “Agora está na fase final, da busca de homologação ambiental para permitir o funcionamento dessa geradora”, conta Hunsche.
Em termos de energia, diz Hunsche, a hidrelétrica tem capacidade para gerar 60 megawatts hora (MWh), mas a média deve ficar em 50, devido à instabilidade da vazão de água. Essa produção será transferida à rede da Certel Energia.
Preocupação histórica
O empresário é natural da localidade de Pontes Filho. A ideia de recolocar em funcionamento as construções se trata de um desejo pessoal. “Sou um aficionado por preservação da memória histórica”, afirma o empresário. Há décadas, relembra, tem essa preocupação em mente. “Tive um grande amigo, já falecido faz 20 anos, que era um visionário. Ele dizia que Teutônia seria uma nova Gramado.”
Essa fala marcou o empresário. Depois disso, passou a investir nesse ramo. Na propriedade dele, restaurou uma das primeiras casas construídas pelos imigrantes germânicos, construída entre 1856 a 1870. “Ela seria demolida para construção de um loteamento. Entrei em contato com a dona do imóvel, e resolvi restaurar.”
Às novas gerações
No antigo moinho, utensílios e máquinas usadas para o processamento de milho, amendoim e trigo também foram reformados. “São itens que não existem mais. Acredito que precisamos preservar a memória para que as novas gerações saibam como era o trabalho dos antepassados.”
Em conversa com jovens de Pontes Filho, Hunsche percebeu desconhecimento sobre a história da formação da cidade e da comunidade local. “É uma região agrícola e mesmo assim, eles desconhecem o processo para preparar o trigo e com ele fazer o pão. Perguntei: de onde vem o pão que vocês comem? Eles responderam do supermercado.”
Para ele, é preciso um esforço tanto do poder público quanto da sociedade em preservar o patrimônio histórico. “Meu sonho é que esse moinho se torne um ponto de visitação. De resgate histórico e que motive os jovens a conhecer mais sobre a nossa história.”
FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br