“Já recebi propostas, porém minha resposta sempre foi e sempre será a mesma: não tem preço”. É com essa convicção que o lajeadense Jonathan Blau Pacheco, 25, fala de um dos amores de sua vida, o Chevrolet Opala 1973 Especial Coupé da qual é proprietário. É uma história de amor que iniciou em meados de 2014.
Tudo começou quando Pacheco fez 18 anos, retirou a CNH e saiu em busca do carro ideal. “Olhei alguns carros populares, mas não era bem o que eu procurava”, comenta. Conversando com um colega, surgiu a ideia de ter um Opala. “Ele gostava dos modelos mais modernos, enquanto eu preferia os modelos mais antigos da linha”, conta.
Não havia preferência por cilindradas, cor ou ano, apenas queria que fosse duas portas e o modelo mais antigo possível. O Opala feito até 1974, com sinaleiras nas pontas e conhecido como “rabo de peixe” foi o modelo escolhido.
O início da história

Pacheco adquiriu o Opala 1973 Coupé em 2014
Depois de meses de pesquisa, Pacheco encontrou o Opala ideal em uma revenda de Viamão. Decidido de que aquele seria o seu primeiro carro, foi com a família da namorada até a cidade para olhar o veículo. “Todos gostaram e eu tive a certeza que era o carro certo.”
Para garantir que o carro seria de Pacheco, o vendedor exigiu uma entrada em dinheiro, caso contrário o carro poderia ser vendido para outro comprador. “Eu não tinha dinheiro. Tive que pedir um empréstimo para o meu sogro. Assim fiz a reserva do Opala e garanti que ele seria meu.”
Depois de comprado e já em Lajeado, Pacheco teve cautela nos primeiros passeios com o veículo. “Andei com o carro entre duas e três semanas, acredito que não deu 20 km rodados”, foi ai que a sorte apareceu.
O azar que se tornou sorte
Em uma sexta-feira à noite, Pacheco ficou empenhado, o Opala estava sem gasolina. A sorte foi que a gasolina acabou pouco antes da água do radiador. “O radiador estava entupido, quase sem água, ficar sem gasolina foi o menor dos males.”
A falha no radiador foi o estopim para a reforma do Opala. “Comecei a tirar tudo que poderia dar problema ou me deixar empenhado. Mal sabia eu que ali iniciava uma história de reconstrução”, lembra com humor.
O proprietário resolveu desmontar todo o carro e refazê-lo exatamente como saiu da fábrica. Foram quatro anos de reformas, pesquisa e garimpo por peças originais, até deixar o Opala do jeito que havia sido fabricado, em 1973. A transformação iniciou ainda em 2014 e só foi concluída no final de 2018.
A sonhada placa preta
Com a notícia das novas placas no Padrão Mercosul, Pacheco teve que se apressar para conseguir ter a placa preta, de colecionador, no carro. Para ter a tão sonhada placa, o carro precisa ter no mínimo 80% da originalidade em que saiu de fábrica.
A lataria estava pronta, o motor também, faltavam apenas detalhes como o acabamento interno dos bancos. “Tinha alguns dias para terminar a reforma, do contrário todo o trabalho feito para conseguir a placa preta teria sido em vão.”
Depois de correr contra o tempo, Pacheco conseguiu realizar a vistoria para troca de categoria, alterando o Opala para veículo de coleção. A papelada foi concluída no último dia estipulado pelo Detran no RS. “Consegui a placa às 15h da sexta-feira, sendo que o CRVA trabalha até às 17h.”
Pacheco acredita que o seu Opala tenha tinha o último carro emplacado com a placa preta no RS, pois na semana seguinte o sistema foi mudado para o novo padrão do Mercosul. Hoje ainda existem placas de colecionador, porém não na cor preta.
“Depois da conquista eu chorei bastante, a alegria foi imensa.”
O pós reforma
O proprietário do Opala 1973 leva a reforma do carro como uma lição de vida, tirando muitos ensinamentos do período em que reconstruiu o veículo. “Durante a restauração aprendi a ser mais paciente”, diz.
Pacheco acredita que após a reforma, o que mais marca a relação com o carro é o círculo de amizades que formou em encontros e exposições de veículos antigos. “Desde então sigo cuidando dele, amando e protegendo até que a morte nos separe.”