Ataque à imprensa Bolsonaro faz o que Lula e  Dilma apenas ameaçavam

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Ataque à imprensa Bolsonaro faz o que Lula e Dilma apenas ameaçavam

Império da grande mídia no Brasil é afrontado pelo presidente da República em redes sociais da forma mais esdrúxula e rancorosa. Ex-dirigentes do PT nunca passaram das ameaças.

Outro alvo é o Supremo Tribunal Federal, o que faz uma maioria silenciosa assistir com preocupação os rumos da nação.

Pelas redes sociais, o presidente da República tratou com ironia a Medida Provisória que dispensa a publicação de balanços em jornais impressos

Pelas redes sociais, o presidente da República tratou com ironia a Medida Provisória que dispensa a publicação de balanços em jornais impressos


 
A retaliação intempestiva e afrontosa do presidente Jair Bolsonaro cria um clima de hostilidade desnecessário ao seu governo e ao Brasil. Ele diz o que vem na cabeça. Suas falas impensadas acarretam em perda de apoio, especialmente, da maioria silenciosa que ajudou a elegê-lo para interromper o ciclo vicioso do PT.
Vingativo e agressivo, Bolsonaro consegue atrair para si o pior dos sentimentos. Ofusca as coisas boas, instaura um clima negativo e insufla uma divisão ainda pior que a de Lula e Dilma, quando invocavam a frase “nós contra eles”.
Bolsonaro agrava a hostilidade com ataques frontais, sem compostura, para dizer o mínimo de um homem que comanda um país.
Esta semana, em redes sociais, atacou o jornalismo impresso, especialmente os jornais Valor Econômico, O Globo e O Estadão. Assinou Medida Provisória que dispensa empresas de capital aberto de publicarem seus balanços em jornais de grande circulação. E, ao fazê-lo, ironizou: “Capitão Motossera está ajudando a derrubar menos árvores”, numa clara retaliação a estes veículos, hoje, “seus principais desafetos”, os quais considera de esquerda.
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A MP é discutível na era digital, ainda que afeta milhares de jornais. O mesmo não se pode dizer do comportamento vingativo e rancoroso, associado a uma dose de “ignorância consciente”, uma vez que 100% da matéria-prima do papel jornal é proveniente de florestas renováveis, com produção sustentável. Tudo isso Bolsonaro “joga ao vento”, sem pudor, e dá a falsa ideia que todos os jornais são iguais.
O Estadão escreveu em seu editorial, esta semana: “A MP assinada pelo presidente Bolsonaro, tal como foi concebida, não é uma medida de natureza progressista e liberal. Longe disso. Trata-se de uma agressão frontal à liberdade e à independência da imprensa por meio da constrição abrupta de suas receitas, meta que os ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff sempre ameaçaram alcançar, mas jamais tiveram a ousadia de levar a cabo. (…)
O presidente Jair Bolsonaro não tolera a imprensa independente porque não é capaz de controlá-la. Em sua história de 144 anos, não foram poucas as tentativas de calar O Estado de S. Paulo com ações semelhantes às dele.”
Uma pena. O país resistiu 16 anos ao jogo arrogante dos petistas que se pretendiam melhores do que qualquer outro mortal da história. Fizeram ameaças semelhantes contra quem discordasse de suas ideias. No fim, se corromperam, padeceram e caíram na própria ganância.
Bolsonaro tem menos de um ano de governo. Registra méritos importantes, como a Reforma da Previdência em vias de aprovação, além de austeras decisões econômicas necessárias fazia tempo. Ainda assim, é incapaz de evitar polêmicas revanchistas e sem sentido, que apenas instigam o ódio e a divisão.
Desacreditar a imprensa é o primeiro passo dos que desejam impôr uma ordem absolutista. A história tem exemplos de sobra.
Ainda que haja certa inclinação por parte de grupos midiáticos para ver apenas o lado ruim do governo, o presidente deveria preservar a imprensa e não jogar todos os veículos na mesma vala. Até porque governar é diferente de campanha eleitoral. As redes sociais não bastam.
Para uma informação fidedigna e confiável, a imprensa livre é vital até mesmo para equilibrar a verdade quando algum veículo comete equívocos, ou quando as redes sociais se revelam uma terra sem lei, sem nenhuma curadoria.
Desacreditar a imprensa, generalizadamente, como Bolsonaro faz sem preocupação, é perigoso à democracia.

Intercept em Lajeado

Pode parecer estranha minha posição, mas tenho reservas em relação ao jornalismo do Intercept. Ainda que a equipe seja formada por bons jornalistas, o passado idelógico de seu principal criador americano me impede não desconfiar.
No dia 18 de setembro, o editor do Intercept Brasil, Alexandre de Santi, estará em Lajeado, para uma palestra na Univates. Estarei lá para assisti-lo. Afinal, quando nos abrimos ao contraditório e permitimos conhecer outras verdades, sem ser apenas as próprias, então evoluímos. Aliás, esta flexibilidade falta no Brasil, faz tempo.

Parceria público-privada

O governo de Lajeado estuda parcerias com empresas privadas para execução de obras públicas. O modelo permite permutas de áreas do município por obras que o poder público tem dificuldade de executar, por limite de orçamento.
No bairro São Cristóvão, a empresa Lyall estuda uma parceria para recuperar o arroio do Engenho e construir um enorme parque de lazer aos moradores, desde as imediações da avenida Piraí até a Alberto Pasqualini, margeado o arroio. A ideia é arrojada e pode garantir um espaço singular ao bairro São Cristóvão. A ideia deve se multiplicar para outros bairros com outros parceiros.
 
 

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