Patrícia Faedo nasceu em Lajeado, mas é cria do mundo. Aos 38 anos, a arquiteta já viajou por 16 estados brasileiros, morou em sete cidades, e em 26 casas diferentes. Atualmente residindo em Paraty, no RJ, ela está de passagem pela terra natal, onde decidiu lançar sua exposição de estreia.
Intitulada como “A_Temporal – espaço da liberdade como direção”, a mostra pode ser visitada até o dia 13 de outubro. São objetos, fotos, colagens e mapas, em composições tridimensionais. Grande parte do acervo são peças que ela coletou durante suas andanças trabalhando com cenografia para teatro.
Recortes de revistas antigas, malas de caixeiros viajantes, tampinhas de garrafa, molduras, monoculares, muitos mapas – a lista dos componentes é longa. Até um dos bancos da galeria foi colocado de pé, e se transformou em suporte para uma obra. “A cenografia envolve a técnica da Arquitetura e a liberdade de expressão das Artes Plásticas. Depois que comecei a trabalhar com isso, vejo arte em tudo.”
Quem visitar o espaço vai notar a presença constante de fitas métricas e trenas. A primeira é uma alusão à profissão da mãe de Pati, a estilista Rosângela Maria Faedo, ainda moradora de Lajeado e de quem ela provavelmente herdou o tino criativo. O segundo item se refere às escalas usadas na arquitetura.
Uma das peças favoritas de Pati é a que simboliza o intercâmbio para a Dinamarca, que fez quando tinha 17 anos. Foi lá que ela viu em prática uma cidadania voltada à reciclagem, ao consumo consciente e ao respeito pelas diferenças. “Foi um portal”, compara.
Antes disso, a famosa “viagem das 8as” foi sua experiência inesquecível. O típico passeio dos alunos do Alberto Torres, onde ela estudou, renderam uma das obras em exposição. Aliás, muita gente poderá se encontrar nos trabalhos que retratam a fase escolar da artista. “Na época, a gente trocava fotos 3X4, e eu consegui algumas dos meus colegas e de colegas dos meus irmãos.”
O tempo é outro elemento constantemente representado na mostra. Depois de ter vivido durante 10 anos na capital fluminense, onde as pessoas são “atropeladas” pela correria de todos os dias, a gaúcha de mente inquieta se tornou uma apreciadora do sossego. “É aquilo de refletir sobre o que fazemos com o nosso tempo.”
