A chegada da terceira idade modifica aos poucos a rotina das pessoas. Aposentadoria, redução no ritmo de vida, o tempo ocioso e as mudanças no corpo chegam de forma tímida e, ano após ano, acabam por transformar completamente os hábitos da maioria dos idosos. De acordo com a cuidadora de idosos Irene Fonseca Melo, muitos deles não se adaptam facilmente às novas condições e rotinas e acabam tendo problemas físicos e emocionais relacionados à falta de preparo para o avanço da idade.
“Ver nossos pais, tios e avós envelhecendo nem sempre é fácil, mas é preciso lembrar que antes de tudo existe ali um idoso com necessidades das mais variadas ordens a serem supridas”, aponta a cuidadora. Para ela, melhorar a qualidade de vida das pessoas mais velhas é uma obrigação dos familiares mais próximos.
De acordo com estudo publicado no Journal of Primary Prevention, a estimativa é de que cerca de 43% dos idosos que vivem em casa sentem-se socialmente isolados. “Problemas de locomoção, a impossibilidade de dirigir e falta de apoio da família agrava o problema que deve ser levado muito à sério”, alerta Irene.
Vida social
Ao observar os idosos ao longo de quase vinte anos de carreira, Irene aponta a falta de socialização como uma das principais causas de depressão entre idosos. “É importante lembrar que aquele idoso um dia foi um jovem ativo e cheio de planos. Em sua grande maioria, a mente das pessoas mais velhas continua super ativa e apenas o corpo é quem não ajuda. Nessas horas entra o apoio dos familiares”, indica. Se dispor para levá-los visitar os amigos, fazer atividades coletivas como cursos, jogos e música, e manter as visitas familiares regulares causa sensação de pertencimento e envolvimento.
Corpo em dia
Fazer caminhadas e esportes de baixo impacto pelo menos três vezes por semana é uma das principais dicas da cuidadora. Se for ao ar livre, melhor. “Para a manutenção da saúde física e mental dos idosos é necessário que tomem sol para metabolizarem a vitamina D. Atividades ao ar livre além de causarem bem-estar, ajudam na socialização, melhorar a circulação sanguínea e a manutenção do sistema imunológico”, afirma.
Planos para o futuro
Ao se aposentar, muitas pessoas costumam passar pela dificuldade de se adaptar a um dia sem rotina. Após décadas acordando diariamente no mesmo horário e tendo um propósito que as movesse, é comum que sintam-se sem utilidade para a sociedade.
“Após a aposentadoria ainda se tem muitos anos para viver. Envolver-se em causas comunitárias, fazer cursos, planejar viagens ou aprender coisas novas dá um novo propósito aos idosos e facilita a adaptação à nova rotina”, aconselha Irene.
De olho nas finanças
“No geral, percebo que muitos idosos ainda se sentem na obrigação de sustentar outros familiares. A aposentadoria costuma reduzir os ganhos mensais daquela pessoa e a coloca em uma rotina de preocupações e estresse além do limite”, revela Irene. Para ela, o ideal é que o idoso tenha total controle das suas finanças e dê a oportunidade aos filhos e netos que trabalhem por conta própria e conquistem seu próprio dinheiro. “Tem gente que abusa. Presenciei diversos casos em que o idoso fez empréstimos e comprometeu sua renda com problemas que com um pouco de esforço poderiam ser solucionados pelos familiares”, alerta.
Bem-estar
Vovôs mais plenos
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