Morador de Lajeado é destaque em concurso internacional de talian

Vale do taquari

Morador de Lajeado é destaque em concurso internacional de talian

Luiz Agostinho Radaelli está entre os três primeiros colocados em competição de poesia e prosa promovida na Itália

Morador de Lajeado é destaque em concurso internacional de talian

As recordações da casa da nona, em Nova Bréscia, inspiraram os escritos de Luiz Agostinho Radaelli, 64, e são reconhecidas em nível internacional. Feito todo em talian, o texto é finalista em um concurso cultural promovido na Itália. O resultado será anunciado em setembro, mas o morador de Lajeado já foi comunicado de que está entre os três primeiros colocados.
Ele é o idealizador da rádio web Brasil Talian, que tem programação exclusivamente no idioma. Foi por sugestão de uma ouvinte que Radaelli se inscreveu na competição. Inclusive, essa italiana irá representá-lo na cerimônia de premiação, já que ele não poderá comparecer.
Há 10 anos, o talian integra o Patrimônio Histórico e Cultural gaúcho. Trata-se de uma língua neolatina originária dos italianos e descendentes aqui radicados, e formada predominantemente pela vertente vêneta.
Também é reconhecida como Referência Cultural Brasileira e Patrimônio Imaterial do Brasil pelo IPHAN. Segundo Radaelli, a maior concentração de pessoas que falam ou que apenas entendem o talian está no Sul. “Você pode tirar tudo de um povo, mas se você tirar a língua, ele morre. Enquanto não tirar a língua, ele permanece vivo.”
Membro da quarta geração de italianos no Brasil, Radaelli nasceu em 1954, em um contexto abalado pela campanha nacionalista imposta por Getúlio Vargas. Durante a 2ª Guerra, o presidente gaúcho proibiu idiomas dos países do Eixo – japonês, italiano e alemão. Emocionado, Radaelli lembra que a família tinha liberdade para se comunicar apenas dentro de casa. “Tenho certeza de que as primeiras palavras que a minha mãe me disse foram em talian.”
Ele é técnico agrícola aposentado e fundou a web rádio em 2017. Há 140 anos, a família de seu tataravô, saída da região de Omate, chegava ao porto do RJ. “A Itália de hoje é muito diferente daquela da concepção imigratória. Era uma Itália pobre e, agora, é rica. Mas nós conservamos algo que eles não têm mais: a familiaridade, o lado afetivo do talian.”
 

GESIELE LORDES – gesiele@jornalahora.inf.br

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