Quase três anos após encerrar o mandato como chefe do Executivo, Ricardo Kich está de volta ao poder público para um novo e inusitado desafio. Ele aceitou o convite do atual prefeito, Edmilson Dörr (Brida), para ocupar a titularidade da Secretaria Municipal de Administração.
Trata-se de um movimento inédito na política local, já que PTB e PP, partidos do atual e do ex-prefeito, respectivamente, são adversários históricos no município. Kich substituirá Diego Scherer, que deixará a função por motivos profissionais após receber uma proposta de trabalho na área bancária.
A decisão surpreendente teve amplo apoio dentro do governo. E, para Brida, Kich é o nome ideal para o cargo. “Não há pessoa tão preparada quanto ele, pois conhece todos os trâmites da administração municipal. Não é politicagem. Queremos o melhor para o município”, justifica o prefeito.
Brida também destaca que Kich é um amigo de infância e que sempre teve uma conduta adequada. “Precisamos deixar de lado o ódio, o rancor. Somos todos amigos ou conhecidos. E ele vem para somar. Se fez um bom ou mau governo, é outra história. Mas temos confiança nele”, ressalta.
“É uma decisão pessoal minha”
Ricardo Kich não esperava pelo convite do prefeito. Também não tinha conhecimento de que o atual secretário está de saída.
Ele elogia o gesto de Brida, mas ressalta que não está “mudando de lado”. Inclusive, destaca que é o atual presidente do PP, principal partido de oposição no município.
“Não estou ingressando na base do governo, nem o meu partido. Aceitei o convite porque tenho condições de colaborar com o município. Fiquei muito honrado com o gesto do prefeito. Essa é uma decisão estritamente pessoal minha”, pontua.
Futuro político de ambos
Questionados sobre os desdobramentos políticos no município, Brida e Kich minimizam a possibilidade da parceria causar incômodo entre apoiadores. “Talvez alguns dos meus possam se chatear com a decisão, mas faço isso pensando no município. Pode até ser polêmico, mas é sincero. Ele vem para somar”, diz o prefeito.
“Claro que esse gesto terá repercussões positivas e negativas. Mas isso faz parte do processo. Há momentos em que você deve decidir por si, e não pelo que pensam os outros. O ranço político-partidário não contribui em nada, só atrasa a sociedade”, avalia Kich.
Brida confirma que tem a intenção de disputar a reeleição, com a mesma composição atual. Já Kich é mais cauteloso e afirma que a decisão de concorrer ao Executivo não depende apenas dele, e sim da conjuntura. “O partido vai ter que analisar, mas por enquanto pensamos nisso”, resume.
MATEUS SOUZA – mateus@jornalahora.inf.br
