A concentração de aproximadamente 10 barracas chama a atenção de quem passa pelas ruas Doutor Roberto Fleischhut e Coelho Neto. Desde o dia 16 de junho, ciganos ocuparam o espaço público que antigamente servia como praça.
A permanência do grupo por mais de um mês deixa indignada parte da comunidade local. A maior crítica é quanto à sujeira no local. “Eles fazem as necessidades ao ar livre porque não tem banheiro lá. Todo o dia, tem papeis higiênicos jogados por aí. É um desrespeito total”, lamenta um homem que reside nas próximos.
Ele convive com o cheiro ruim e também reclama da criação de animais, como galinhas e porcos no ambiente. “É inimaginável essas coisas acontecerem em um bairro residencial e ninguém tomar alguma providência”, afirma.
Outra pessoa critica a impossibilidade de utilizar a área verde e uma pista de bicicleta localizada ao lado. “Não dá mais para aguentar essa situação. Nem o espaço que é nosso podemos usar”, pontua.
Com receio de atritos, moradores preferem não ser identificados na reportagem. Destacam que a ocupação temporária da antiga praça ocorre desde 2016, após a retirada de brinquedos. Entretanto, o grupo de ciganos nunca ficou tanto tempo acampado no local.
A Associação de Moradores do Loteamento dos Médicos acompanha o caso e protocolou pedido na administração municipal para retirada dos ocupantes. “Que eles sejam levados para um local onde haja banheiros e uma estrutura melhor”, pede um dos representantes da entidade.
A associação também cobra que o espaço público seja ocupado para evitar futuras invasões.
Permanência por questões médicas
A doença de Valdemar Motta, 62, é usada pelos ciganos como justificativa para a permanência no local. O grupo mostra exames que comprovam o tratamento médico realizado no Hospital Bruno Born, em Lajeado.
Motta teve um AVC no início do mês e chegou a ser internado em um hospital de Passo Fundo. Ele estaria impossibilitado de viajar no momento, ressalta Valdir Alves, 49. “Vamos esperar ele se recuperar e, assim que possível, iremos para outra cidade”, informa.
Alves se defende das reclamações alegando que o grupo “não incomoda” os moradores. Para ele, há implicância da comunidade com os ciganos.
Administração promete retirada
O primeiro protocolo solicitando retirada dos ciganos foi recebido pela administração municipal no dia 17 de junho.
O ouvidor Günther Mayer informa que foi até o local conversar com o grupo e entregar notificação solicitando a saída em três dias. “Eles foram irredutíveis e se negaram a sair. Depois, o número de barracas no local até aumentou”, relata.
Os ciganos teriam protocolado na prefeitura pedido para permanecer por 90 dias, destaca Mayer. Entretanto, a solicitação não foi aceita. A administração municipal encaminhou à Justiça uma notificação de integração de posse e aguarda autorização para realizar a retirada do grupo nos próximos dias.
Conforme Mayer, o Executivo também tem projeto para instalar mesas, bancos e brinquedos no espaço para evitar a instalação de barracas.
FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br