De positivo, a confirmação de que a ERS-130 é uma das prioridades do Estado em termos de ampliações e que o plano de concessão será estruturado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). De negativo, o prazo e a certeza de que a EGR continuará gerindo as rodovias da região pelos próximos dois anos.
Esse é o resumo da primeira audiência de líderes do Vale do Taquari com o governador Eduardo Leite. O encontro ocorreu ontem, no palácio Piratini. Na ocasião, o chefe do Executivo gaúcho afirmou que as condições problemáticas no fluxo da ERS-130 são de conhecimento do governo. De acordo com ele, no prazo de modelagem do novo sistema, a EGR continuará atuando e dando andamento aos projetos de melhoria previstos.
Para o presidente da Amvat e prefeito de Teutônia, Jonatan Brönstrup, o governador manteve o discurso. “É só por meio de concessões que é possível investir nas estradas. Temos que aguardar o plano.”
A reunião com o governador foi agendada pela Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), com a participação do Conselho de Desenvolvimento (Codevat), prefeitos, diretores da Dália Alimentos (Encantado), Girando Sol e Valelog (ambas de Arroio do Meio).
Ainda teve presença da presidente da Federasul, Simone Leite, e do deputado estadual Edson Brum (MDB), do deputado federal Lucas Redecker (PSDB), além dos secretário estadual de Governança e Gestão Estratégica (SGGE), Cláudio Gastal e de Transportes, Juvir Costella.
Consulta ao Vale
Pelo plano do governador, as obras mais importantes e quais etapas devem ser cumpridas após a concessão partirão da comunidade regional. Entre as demandas, pontua o deputado Edson Brum, está a duplicação da 130 de Muçum até Venâncio Aires.
Também foi feita a reivindicação de que a cobrança do novo sistema de pedágios seja eletrônica e por meio de um cálculo da rodagem por quilômetro.
Por dia, estima-se que mais de 28 mil veículos transitam no trecho de Encantado, passando por Arroio do Meio, Lajeado e Cruzeiro do Sul.
A Cooperativa Dália Alimentos, de Encantado, apresentou um documento onde constam os custos das operações logísticas. Só em pedágio, pagou mais de R$ 2,2 milhões.
Posição mantida
Tanto o governador como outros integrantes do governo já afirmaram que a EGR será extinta e que a malha de rodovias será concedida à iniciativa privada. No entanto, a autarquia só será fechada após o governo resolver o destino das rodovias. Pela análise do governo, não é viável lançar um único modelo para substituir com agilidade os mais de 700 quilômetros mantidos pela EGR.
Na avaliação do Piratini, áreas com alto fluxo e alta rentabilidade teriam diversas interessadas enquanto rodovias com menor potencial econômico seriam deixadas de lado. O ideal seria unir trechos rentáveis com outros de menor movimento, como uma forma de equilibrar o interesse das concessionárias.
Análise
O estado das rodovias gaúchas representa o atraso do RS. Conservação precária, pouca sinalização e insuficiente para atender o trânsito de hoje. Governos e mais governos prometeram, tentaram e fracassaram. Ainda que a ideia do atual gestor do Rio Grande tenha pontos positivos, o histórico de outros anos desanima.
A dinâmica do setor público tem um relógio próprio. Dois anos para a população e para o empresariado pode significar o fim das chances de crescimento, geração de riquezas e de empregos. A vida das pessoas é mais rápida do que as decisões políticas.
Talvez por isso, haja tamanha descrença quando se depende do governo para alguma solução.
A mensagem do governador Eduardo Leite é clara, como tem sido em todas as ocasiões quando se manifesta – essa habilidade de comunicação é uma tônica desse governo. Mas reflete, mais uma vez, o distanciamento entre o desejado pela população e o possível dentro das amarras burocráticas e legais do Estado.
FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br