Rodovia saturada, economia estagnada

Infraestrutura viária

Rodovia saturada, economia estagnada

Empresas e representantes da região cobram ação efetiva do governo estadual para destravar projetos de ampliação de capacidade de fluxo na ERS-130. Audiência com o governador ocorre daqui a sete dias

Rodovia saturada, economia estagnada

A região articula estratégia para a reunião na próxima terça-feira, dia 30, com o governador Eduardo Leite. O encontro foi agendado pela Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT) e terá a presença de uma comitiva do Vale, composta pelo Conselho de Desenvolvimento (Codevat), autoridades políticas e representantes de empresas.
Essa força-tarefa quer mostrar como a falta de investimentos nas rodovias atrapalha o desenvolvimento econômico e social. O mote central das reivindicações se concentra nas condições da ERS-130.
Por dia, estima-se que mais de 28 mil veículos transitam no trecho de Encantado, passando por Arroio do Meio, Lajeado e Cruzeiro do Sul. “Há diversas indústrias em operação nas margens da rodovia. Diante do alto fluxo e das limitações da pista simples, é impossível ampliar a capacidade produtiva”, afirma o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Arroio do Meio (Acisam), Adailton Cé.
De acordo com ele, as dificuldades logísticas derivadas dos engarrafamentos diários são assuntos rotineiros nas reuniões da entidade. “Temos empresas importantes, que geram riqueza não só para o Vale, mas também para o Estado”, destaca.
Diversas empresas da região foram convidadas para mostrar ao governador o impacto econômico dos gargalos na região. Entre elas, a Girando Sol e as cooperativas Dália Alimentos e Valelog confirmaram participação no encontro.

“A EGR não fez o que prometeu”

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Adailton Cé esteve entre os nomes da região quando foi montado o Conselho Comunitário dos Pedágios (Corepe). Lembra quando foram eleitas as prioridades do Vale em termos de melhorias estruturais nas rodovias.
A primeira obra prevista pela EGR em Arroio do Meio, relembra, era a construção de uma passagem elevada no acesso principal. Isso, acredita, reduziria os engarrafamentos nos horários de pico. “A EGR não fez o que prometeu. Até hoje estamos com a mesma dificuldade de seis anos atrás.”
Pelos cálculos do Codevat, o desembolso dos motoristas por quilômetro rodado nas estradas da EGR no Vale é duas vezes mais caro do que o estipulado nas concessões das 287 e 324. Fica em R$ 0,30, sem garantia de obras de infraestrutura. Na concessão da 287 e 324, o custo por quilômetro rodado fica em torno dos R$ 0,15.
Um dia depois da audiência com o governador, o secretário estadual de Governança e Gestão Estratégica (SGGE), Cláudio Gastal, virá à região apresentar um diagnóstico sobre a EGR, em termos de projetos em andamento, prazos, arrecadação e custos de operação.

Dificuldade às empresas

Diretor da Girando Sol, de Arroio do Meio, Gilmar Broscheid, considera que o tempo para o transporte entre Arroio do Meio e Lajeado gera um custo elevado às empresas. “Fazer seis quilômetros em meia hora é um absurdo.”
Além dos impactos aos negócios, o empresário também salienta as dificuldades às pessoas. “O fluxo de veículos atrapalha a vida de todos. Trabalhadores perdem tempo no carro para um deslocamento que poderia ser mais rápido.”
Para dirimir as dificuldades, conta Borscheid, foi preciso ampliar o estacionamento. “Muitas vezes precisamos chamar o caminhão uma hora antes da carga ser carregada, pois sabemos o transtorno na hora de entrar e sair da empresa.”
O presidente da cooperativa Valelog, Adelar Steffler, teme que empresas importantes saiam da região. “A ERS-130 tem limitações para caminhões grandes. Para a logística quanto mais eixos, mais barato é o transporte. Se problemas para os negócios continuarem, uma hora tem indústria que vai desistir do Vale.”

Atraso gaúcho

A cooperativa comandada por Steffler é do ramo de logística e transporte. Na avaliação dele, a infraestrutura das estradas gaúchas é o grande problema do RS. Compara com estradas de outros estados, como no Mato Grosso. “Lá todas as rodovias podem receber caminhões grandes, com nove eixos, por exemplo. As empresas pagam uma permissão para rodar, são uns R$ 300 por ano. Aqui, são R$ 1,6 mil e não se pode trafegar em diversas estradas”.
Para ele, as deficiências da malha rodoviária trazem prejuízos e inviabiliza os negócios no transporte. Como consequência, sem uma logística de qualidade, as indústrias recebem menos insumos para produzir.
 

FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br

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