Roqueiro, escritor e produtor, Wanderley Theves, o Xumby, é um ícone cultural do Vale do Taquari. Natural de Arroio do Meio, tem mais de 200 composições e dois livros de crônicas publicados. Se apresentou pela primeira vez aos 13 anos, no extinto Festival Regional Estudantil da Música Popular do Alto Taquari (Frempat)
De onde vem tua ligação com as artes?
A vida inteira. Meu pai era músico, meus tios, meu avô. Meu tataravô, quando veio da Holanda para o Brasil era o gaiteiro do navio. Se formos mais para trás, procurando músicos na minha família, vamos chegar na costela de Adão.
Qual tua relação com os festivais?
Minha primeira participação eu tinha 13 anos. Eu sempre gostei de tocar minhas composições, nunca como intérprete. Era o Frempat, que na época era o principal evento musical da região. Dali saíram grandes músicos. O pessoal do Barbarella começou lá, o Deo Moraes, de Estrela, os Petters.
De onde surgiu essa necessidade de compor?
Cara, não sei. Só sei que para mim é importante cantar o que eu escrevo. É algo que gostaria de falar para os outros. Algo que eu acho certo, algo que gosto.
Qual foi a primeira canção que apresentou no festival?
O nome era o “Sol”. Acho que era isso. Era fraquinha, nem lembro como era. O promotor do festival, Ari Lopes (tinha um instituto de música na região), disse que se eu ficasse na categoria compositor seria o último lugar. Eu disse, não. Quero tocar minha música. Na época estavam surgindo artistas como Secos e Molhados, Raul Seixas, Mutantes. Ele sugeriu eu tocar alguma dessas canções. Mas não, fui lá e toquei a minha música.
E o resultado?
Eu fiquei em último mesmo (gargalhadas). De tão ruim que era. Tanto que toquei só metade. Tomei um choque na boca, parei e fui para trás da cortina chorar.
O que isso te ensinou?
Foi fantástico. Olha, ficar em último foi muito bom (risadas). Eu estava chorando, e o guitarrista que estava acompanhando a banda, a Super Five, o Vanderlei de Brito, veio me dizer: “Xumby, vem cá, olha, estão te chamando.” Era a gurizada do colégio gritando: Xumby! Xumby! Xumby…
Ficou algumas semanas com vergonha, não?
Não. Inverteu a coisa. Em vez de virar piada, a galera reconheceu minha coragem. Do tipo, olha, ele foi lá, ficou em último, mas tocou a música dele. A gente não pode ter vergonha de passar mico. Mico é ficar na plateia vendo a vida passar.
FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br