Nas ruas, expectativa  pela liberação do FGTS

Pagar contas, comprar ou economizar?

Nas ruas, expectativa pela liberação do FGTS

Os detalhes para o saque do fundo ficaram para a próxima semana, junto com o abono salarial do PIS

Nas ruas, expectativa  pela liberação do FGTS

Nas agências da Caixa Econômica Federal, muitos contatos com as atendentes para saber quando o FGTS será liberado. “Não temos informação ainda”, essa é a resposta das recepcionistas. O movimento tem sido intenso. As pessoas entram e perguntam sobre a liberação.
Para funcionários da instituição, um reflexo das dificuldades financeiras pelas quais as famílias passam. Justo com esse propósito, de dar um ânimo na economia, o governo federal anunciou nesta semana o intuito de permitir o saque do fundo.
Essa informação agitou as pessoas. “É uma chance para colocar as contas em dia”, diz o soldador Mário Lemos. O trabalhador pretende tirar parte do dinheiro para quitar dívidas. A aposentada e autônoma Carla Zinn, 50, não tem fundo de garantia, mas conversou com a filha sobre a possibilidade. “Ela se mudou faz pouco tempo para o apartamento próprio. Está grávida e precisa de alguns móveis. Esse saque pode ajudar a comprar o que falta”, avalia.
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Douglas Vargas Grilli, 21, está desempregado, mas não sacou depois da última passagem com carteira assinada. “Eu pesquisei e ouvi um consultor dando dicas. Quando puder, vou sacar e colocar na poupança, pois rende mais”, acredita.

Anúncio na próxima semana

A expectativa era abrir nessa quinta-feira, durante pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro sobre os 200 dias de governo.
Como há questões técnicas para concluir, isso não foi possível. O anúncio do formato fica para a próxima semana.
Em 2016, o então presidente Michel Temer liberou saques de contas inativas também com o objetivo de incentivar o consumo.
A diferença para este ano é a abertura para contas ativas. Significa que o trabalhador empregado via CLT, com os depósitos mensais dos empregadores, poderá ter acesso ao dinheiro.Hoje, a retirada em contas ativas do FGTS só é permitida em situações específicas, como no caso de o trabalhador ser demitido sem justa causa ou se for para utilizar os recursos na compra de casa própria.

Abono salarial

O pagamento do abono salarial do PIS e do Pasep, começa na próxima quinta-feira. A liberação do dinheiro para os cadastrados no PIS vai considerar a data de nascimento e os do Pasep, o dígito final do número de inscrição.
A estimativa é de que sejam destinados R$ 19,3 bilhões a 23,6 milhões de trabalhadores. Para ter direito ao abono salarial do PIS/Pasep é necessário ter trabalhado por pelo menos 30 dias em 2018, com remuneração média de até dois salários mínimos.
Além disso, o trabalhador tem de estar inscrito no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos e ter tido seus dados informados corretamente pelo empregador na Relação Anual de Informações Sociais (Rais).

ENTREVISTA

“O governo e o parlamento precisam fazer a sua parte”

Mestre em Ciências Contábeis e professor da Univates, Bruno de Medeiros Teixeira, diz que é preciso cautela antes de sacar o fundo. Para ele, o trabalhador precisa analisar o que fazer com o dinheiro e evitar gastos desnecessários.
A Hora – Sacar para pagar contas, para depositar na poupança ou para consumo. O que é mais indicado?
Bruno de Medeiros Teixeira – Para quem tem dívidas, é mais recomendável pegar o recurso e liquidar as contas com juros mais elevados. Isso reduz o comprometimento do orçamento familiar. Em especial, quando se tem débitos com cartão de crédito e com o cheque especial. Para quem não tem dívidas, é interessante sacar e fazer uma economia.
Para os trabalhadores, quais as melhores alternativas?
Bruno – O fundo de garantia é um dinheiro que fica lá, como uma espécie de poupança, mas sem render quase nada. Quem tem financiamento imobiliário já usou na entrada do imóvel está usando esse recurso por meio de abatimentos nas parcelas. Para aqueles que não têm dívidas, de qualquer forma, é sempre melhor sacar.
Colocar na poupança rende pouco. No entanto é mais do que no fundo. Além disso, é um dinheiro que pode ser usado em caso de alguma necessidade no curto e médio prazo.
Há também a possibilidade de aplicações de longo prazo. Neste caso, é um dinheiro que vai render mais, mas que não deve ser acessado.
Quais os movimentos necessários para a retomada do otimismo com a economia do país?
Bruno –Vamos ter uma análise melhor depois da aprovação da Reforma da Previdência. Tivemos um indicativo com a votação do primeiro turno, em que a Bovespa chegou a 106 mil pontos. Teoricamente, o investidor está esperando e o governo e o parlamento precisam fazer sua parte.
A economia funciona por sinalizações. Assim o investidor fica mais confiante, faz investimentos e a tendência é a volta da credibilidade com o governo. Isso é o que se espera.
Além da reforma da previdência, também são importantes medidas que simplifiquem a abertura e manutenção de negócios, com a medida provisória da liberdade econômica.
 

FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br

 
 

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