O cooperativismo move a economia regional, cria oportunidades de emprego e de negócios, promove o desenvolvimento, incentiva o empreendedorismo e gera mais qualidade de vida para todos. Conforme dados do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, mais de 60% da população do Vale do Taquari está vinculada a alguma cooperativa.
No ano em que a economia do Estado cresceu 1,2%, os 13 ramos do cooperativismo tiveram aumento de 12,13% no desempenho, com destaque para o setor agropecuário.
Na região, o modelo garante novos investimentos e possibilita a sucessão nas propriedades. Nos próximos meses, a Dália Alimentos de Encantado e a Languiru de Teutônia, projetam aplicar mais de R$ 240 milhões na construção e ampliação das plantas frigoríficas, além de novos aviários e condomínios para alojar frangos.
A Dália Alimentos inaugura no dia 25 de outubro o novo complexo de abate de aves, fábrica de ração e farinhas em Palmas, interior de Arroio do Meio. Com investimento de R$ 96 milhões e 18 mil metros quadrados, vai gerar 350 empregos. Por dia serão abatidos 55 mil frangos, com capacidade de chegar a 165 mil cabeças.
Conforme o presidente do Conselho de Administração, Gilberto Antônio Piccinini, a estruturação do Programa de Produção Cooperada de Frango de Corte foi motivada pelo fato da maioria dos associados serem pequenos produtores e, por isso, necessitarem de mais opções de renda, além dos suínos e leite. “O diferencial está no modo associativo, inédito e pioneiro, de produção das aves em condomínios”, enfatiza.
Os problemas ocorridos com a peste suína na China abrem uma lacuna e criam a expectativa de melhores preços da proteína animal. “Além do mercado internacional, vamos buscar parcerias para estimular o consumo interno para encontrar o equilíbrio financeiro”, destaca.
A linha de frango Dália já está no mercado, com o nome “Golden Chicken”. Está sendo produzido no sistema de intercooperação pela cooperativa Languiru, de Teutônia, em fase experimental.
Previdência no futuro
Marcos Marchi, 49, de Selim, interior de Progresso é associado da Dália Alimentos desde 1978. Na época criava suínos. Quatro anos depois, com a implantação do posto de resfriamento na cidade, passou a produzir leite. O plantel chega a 30 vacas e uma oferta diária de 750 litros.
Em 1992 começou a criar frangos de corte (23 mil cabeças por lote). Todo trabalho é feito com apoio da mulher Roselaine, 47, e dos filhos Leonardo, 19, e Felipe, 15. Para ele, a produção consorciada é a saída para o produtor garantir renda e reduzir a jornada de trabalho.
Com a crise vivida pelo setor avícola em 2016, a construção de dois novos aviários foi suspensa. No entanto, após a apresentação do projeto de condomínios, a ideia foi retomada. “Em grupo tivemos acesso à crédito, assistência técnica, teremos escala de produção e vamos agregar valor à matéria-prima. Sozinho seria inviável fazer este investimento”, observa.
Marchi é um dos 21 associados do condomínio em construção na localidade de Vasco Bandeira, em Marques de Souza.
Otimista, acredita que a produção será duplicada em poucos anos devido a crescente demanda pela carne de frango. “Vejo este projeto como uma previdência, uma renda extra para o futuro”, pontua.
Crescimento compartilhado
A Cooperativa Languiru também anuncia um investimento de R$ 60 milhões no setor de aves. Segundo o presidente Dirceu Bayer, o segmento avícola é a atividade econômica preponderante, havendo, inclusive, uma crescente demanda por novas oportunidades neste segmento, estimulada pela sucessão familiar em muitos casos.
Outra vantagem é o processo de automatização, muito requisitado pelos produtores associados tendo em vista a reduzida disponibilidade de mão de obra. “Assim o produtor pode exercer outras atividades, diversificar”, entende.
Para Bayer o incremento da produção avícola é muito benéfico para a cooperativa, pois auxilia na diluição do custo fixo da planta industrial, no aumento do peso de abate e na qualificação do mix de produtos. “Conseguiremos aumentar nossa participação no mercado por meio do incremento do faturamento e do resultado. Os investimentos viabilizam, ainda, buscar novas habilitações junto aos mais exigentes mercados internacionais”, explica.
Hoje são 241 produtores de frangos, os quais alojam 800 mil frangos por semana. Para a primeira fase da ampliação do abate serão erguidos em torno de 60 novos galpões, distribuídos em 40 associados, responsáveis pela ampliação das estruturas existentes, assim como em outros 20 associados, principiantes nas atividades. “O alojamento aumentará em 175 mil pintos por semana”, calcula.
O abate diário na planta frigorífica em Westfália é de 120 mil cabeças e passará a 155 mil. O projeto está dividido em três fases, em períodos distintos. A primeira, de 35 mil aves por dia, está programada para abril de 2020. A duplicação do abate atual será alcançada em até quatro anos.
“Somos mais fortes juntos”
Darci Silvio Schneider, de Linha Frank, interior de Westfália ingressou no segmento avícola em 1978. Na época começou a alojar 24 mil aves. Há mais de três décadas está associado à Languiru. “É o nosso porto seguro. Nos permite crescer, investir e criar infraestrutura viável e com lucratividade para manter os nossos netos na propriedade”, destaca.
Em parceria com o genro Pedro Inácio Klein, 48 e o neto Felipe, 16, planeja aplicar R$ 1,5 milhão na construção de dois novos aviários. Com isso a capacidade de alojamento chega a 72 mil aves por lote. O novo projeto é justificado pelo apoio da cooperativa.
“O conhecimento é a chave para manter os jovens na lavoura. Meu neto já participa do curso de sucessão e busca qualificação para assumir a gerência no futuro. Aqui ele terá condições de ter uma vida digna graças ao trabalho desenvolvido em parceria com a Languiru”, ressalta.