A correta destinação dos resíduos domésticos segue como um entrave para a maioria das cidades do Vale do Taquari. Por mais campanhas e ações desenvolvidas pelos governos municipais, entidades da sociedade civil organizada e grupos voluntários, o tema pouco avança na região, e ainda menos em nível de estado e de país.
Matéria veiculada na edição de ontem trouxe números relativos à produção de lixo em Estrela. Por dia, são 16,7 toneladas de resíduos gerados. Apesar do trabalho permanente de conscientização desempenhado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, apenas 20% do montante produzido conseguem ser destinados à reciclagem.
Mesmo que baixo, o índice ainda é superior à média de reciclagem nas demais cidades da região, e muito maior do que as médias estadual e nacional. Para se ter uma ideia, conforme estudos de órgãos internacionais (WWF), o Brasil é o quarto país mais produtor de lixo no mundo. Por ano, são quase 80 milhões de toneladas. Apesar de 30 % terem potencial de reciclagem, só 3% de fato é reaproveitado.
Além do prejuízo ambiental, assusta também o prejuízo econômico da irresponsabilidade ecológica. Mais de 13% da produção nacional de lixo são de plástico. Se o total desses resíduos fosse reciclado, seria possível retornar cerca de R$ 5,7 bilhões para a economia, segundo levantamento do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb). Esse desperdício ainda gera impactos sociais, visto que a reciclagem é uma fonte de renda para milhares de famílias.
Outro aspecto grave é a aceleração do ritmo de produção de lixo não aproveitado. Estima-se que a quantidade de resíduos cresce a uma taxa cinco vezes maior do que a população. Os dados são da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Muitas vezes, como em cidades do Vale do Taquari, o poder público dispõe do sistema seletivo de lixo, que não é utilizado de forma adequada pela comunidade. Com perfil cada vez mais consumista, a sociedade segue despreocupada com a sustentabilidade, e são poucos os exemplos de lares que separam de forma adequada os materiais descartados.
A chave para a garantir melhores condições de vida para as próximas gerações está na conscientização da sociedade contemporânea. Enquanto a população não despertar para os riscos da conduta inconsequente nos pequenos hábitos do dia a dia, será cada vez mais difícil vislumbrar um futuro harmônico do ponto de vista socioambiental para a humanidade.
Editorial
Lixo perdido
A correta destinação dos resíduos domésticos segue como um entrave para a maioria das cidades do Vale do Taquari. Por mais campanhas e ações desenvolvidas pelos governos municipais, entidades da sociedade civil organizada e grupos voluntários, o tema pouco avança…