Mulheres mortas, e a busca por ladrões de banco

Tragédia em Cristal

Mulheres mortas, e a busca por ladrões de banco

Barreira da Polícia Federal na ERS-354 teve um componente inesperado. Por volta das 23h30min dessa terça-feira, carros com placas de Lajeado tentaram furar o bloqueio. Como resultado, mais de 30 disparos. Aline Pirola, 25, e Daniela Weizemann, 35, morreram. Um menino de 4 anos foi atingido por três tiros, um deles na cabeça. Ele teve morte cerebral

Mulheres mortas, e a busca por ladrões de banco

Aline saiu do estágio, na EMEI Amiguinhos do Jardim, às 18h30 de terça-feira. Rotina normal, como todos os dias. Terminou seu expediente, pegou a filha e foi para casa. No dia seguinte, era esperada para trabalhar às 12h30. Não estava de folga e ninguém sabia que ela viajaria naquela noite.
Perplexos, os colegas de trabalho receberam a notícia da sua morte pela manhã. Definida como excelente profissional, Aline trabalhava no local desde maio. As colegas nunca viram motivo para suspeitar dela. A filha de dois anos era aluna da escola.
“Está todo mundo em choque. Ela era muito querida”, resume uma colega que prefere não se identificar.

Dois veículos teriam furado barreira da PF e receberam mais de 30 tiros. Duas mulheres morreram e uma criança teve morte cerebral

Dois veículos teriam furado barreira da PF e receberam mais de 30 tiros. Duas mulheres morreram e uma criança teve morte cerebral


Aline estudava Pedagogia na Uniasselvi e entrou no quadro da rede municipal em outubro de 2018, por meio do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE)
Já Daniela se apresentava como microempresária individual (MEI). Ela teria uma loja de roupas no bairro Santo Antônio. Era companheira de Marcos Luís Bergham, 34, que dirigia o veículo e foi preso. O filho de 4 anos do casal foi atingido por três tiros.
Um deles na cabeça. A criança foi levada para Camaquã e em seguida transferida para Porto Alegre. De acordo com a rádio Independente, a criança teve morte cerebral confirmada ontem à noite.
Conforme a investigação da Polícia Federal, os automóveis que tentaram passar pelo bloqueio na cidade de Cristal seriam usados para ajudar na fuga de criminosos que assaltaram as agências da Caixa e do Bradesco em Dom Feliciano, na madrugada do dia 6 e trocaram tiros com a polícia em uma tentativa de fuga.

Possíveis rotas do comboio

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De fato, o que se sabe é que no fim da tarde dessa terça, dia 16, um Honda Civic e um Celta saíram de Lajeado em direção à região Sul. No Civic, estavam Marcos Luis Berghann, Daniela e o filho do casal, de 4 anos. No Celta, estavam Aline e a filha de 2 anos. Nenhuma das duas mulheres tinha antecedentes criminais. De acordo com a PF, foi encontrado armamento em um dos veículos.

Perseguição em Lajeado

A força tática da Brigada Militar de Lajeado encontrou na manhã de ontem um carro furtado que teria sido usado na tentativa de resgate dos criminosos de Dom Feliciano.
Conforme a investigação, durante o confronto o marido de Aline fugiu. Pela manhã, a polícia recebeu informações de que o suspeito teria voltado para casa e estaria no bairro Jardim do Cedro.
Ao chegar à residência, os policiais viram um homem semelhante ao suspeito em frente à casa. Os soldados o perseguiram, mas ele conseguiu fugir. A casa fica na rua Eleonino Domingos Zagonel, tem muros reforçados e é a única da rua com câmera de segurança.
No local, foram encontrados diversos objetos que seriam usados por assaltantes, como miguelitos (usados para furar pneus durante fugas), um rádio comunicador na frequência da BM, capas de coletes (dois com brasão da BM), máscaras de látex entre outros itens.
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Suspeita na comunidade

A família do marido de Aline tem um mercado no bairro Jardim do Cedro. Ele é o único dos três filhos que não trabalha no local. O casal manteve um restaurante no bairro até pouco mais de um ano atrás. Pessoas próximas a ele já suspeitavam do seu envolvimento com o crime.
Os familiares preferem não comentar o caso. Na tarde de ontem, eles aguardavam informações concretas sobre o paradeiro de Junior. Tentavam ainda contato com a família de Aline.
De acordo com a Polícia Civil de Cristal, o marido de Aline fugiu do local do confronto, deixando a filha de dois anos no local. A menina sofreu ferimentos leves e foi entergue aos avós maternos pelo Conselho Tutelar.
No fim da tarde de ontem, os familiares de Aline já haviam reconhecido o corpo, que estava em deslocamento para Lajeado. Até o fechamento desta reportagem, os familiares da Daniela não haviam feito o reconhecimento.

Crianças foram usadas para despistar a polícia

Conforme o superintendente estadual da Polícia Federal, Alexandre da Silveira Isbarrola, Marcos Luís Bergham era o responsável pela tentativa de resgate. “É uma pessoa com uma extensa ficha criminal, inclusive com condenação por homicídio.”
De acordo com Isbarrola, havia um comboio que participava da empreitada. Os veículos teriam se dividido e estariam em contato permanente. Essa informação teria sido confirmada logo após o confronto, quando a perícia encontrou os pertences das pessoas.
“Inimaginável que tenham envolvido crianças numa ação dessas.” Ele avalia que essa técnica visava dar uma aparência de legalidade, de um carro de família.

“Não havia como identificar quem estava nos carros”

Na casa do suspeito que fugiu, foram encontradas máscaras, miguelitos e coletes

Na casa do suspeito que fugiu, foram encontradas máscaras, miguelitos e coletes


Uma noite fria, nevoeiro e vidros escuros. Por essas condições, o superintendente da PF afirma que a força tática da corporação não tinha como saber quem eram os ocupantes dos veículos.
“Os vidros tinham insulfim totalmente escuro. Não havia como identificar quem estava nos carros.”
Para Isbarrola, o homem que dirigia o Civic tentou a fuga porque estava em prisão domiciliar. “Se parasse e fosse abordado, ele seria preso.”
De acordo com o policial, a perícia encontrou uma arma dentro do carro. “Houve confronto, pois havia cápsula deflagrada”, afirma.

Quem são as vítimas

ALINE É A DA ESQUERDA
Aline Schmidt Pirola, 25. Atuava como estagiária em uma escola de Educação Infantil de Lajeado. Entrou na rede municipal em outubro de 2018;
Daniela Weisemann, 35, mãe do menino atingido por três tiros. Atuava como micro empreendedora individual. Informações preliminares dão conta que ela tinha uma loja de roupas no bairro Santo Antônio.
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