“Eles precisam ser  tratados como humanos”

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“Eles precisam ser tratados como humanos”

A dona de casa Priscila Labres, 36, é uma das voluntárias que cozinham para moradores de rua de Lajeado. Sua intenção é, a cada 15 dias, preparar um prato diferente, na Praça da Matriz. Além de alimentar, espera proporcionar um…

“Eles precisam ser  tratados como humanos”

A dona de casa Priscila Labres, 36, é uma das voluntárias que cozinham para moradores de rua de Lajeado. Sua intenção é, a cada 15 dias, preparar um prato diferente, na Praça da Matriz. Além de alimentar, espera proporcionar um momento de acolhimento a quem, por algum motivo, não tem em um lar

Como é o seu trabalho?
Eu faço esse tipo de trabalho há muitos anos, e levo muito a sério. Estava morando no MS, só que lá eram mais doações, pois não havia moradores de rua. Depois, fui para SC. Quando voltei para Lajeado, conheci o pastor Serginho, da Igreja Adoração e Vida, e começamos o trabalho na sexta-feira. Fizemos duas panelas de carreteiro. Eu acredito que a sopa aquece, mas não enche barriga, por isso precisava de algo que sustentasse. Teve um rapaz, por exemplo, que estava há quatro dias sem comer. Fizemos algo bem gostoso, com salada, pão e café. Levei o fogareiro e finalizei tudo lá no coreto, para servir quente. A gente sentou com eles e conversou. Percebemos que eles querem ser acolhidos.
A sua família sempre foi envolvida com o voluntariado?
Pior que não. Mas eu tenho um primo que foi morador de rua por sete anos. Por causa do crack, ele comia do lixo, junto com os cachorros. Nesse época, eu já ajudava ele, e aquilo me fazia bem. Ele foi preso e ainda precisa dormir no presídio, mas mudou. Um dia, saindo do presídio, ele decidiu que não queria mais aquela vida. Não foi para igreja, nem fez tratamento. Por isso, eu penso que todo mundo tem jeito. Eu não acredito que eles estão na rua por que querem. Eles precisam ser tratados como humanos. Se eles vão retribuir com o melhor deles eu não sei, mas eu vou dar o meu melhor. Às vezes, o pessoal critica. Mas será que ir lá conversar com os moradores de rua não é melhor do que agredir com palavras? Teve uma advogada que acabou sabendo da ação e também ajudou. Ela me mandou uma mensagem dizendo que aquilo fez tão bem, que ela quer ajudar sempre.
E como isso reflete na tua vida?
Eu tenho três filhos pequenos e uma filha que já é casada. O meu menino de 10 anos tem Síndrome de Prader Willi, que é rara e atinge os hormônios. Na sexta, eu comentei com ele que estava cansada. Ele respondeu para eu não me preocupar, que Jesus ia me abençoar porque eu tinha feito bem a outras pessoas. Acho que poder passar isso aos filhos é o interessante; que o meu filho possa olhar um morador de rua e não vê-lo como uma aberração, mas como um ser humano.
 

GESIELE LORDES – gesiele@jornalahora.inf.br

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