Além de comover o estado, a tragédia ocorrida na região Sul do RS, que envolveu pessoas de Lajeado, carrega uma série de dúvidas e incertezas que talvez nunca sejam respondidas.
Fato constatado é que famílias foram dilaceradas em uma tentativa de capturar criminosos. Durante uma noite de neblina, um bloqueio montado numa rodovia estadual foi furado por dois veículos com vidros escuros, o que em quaisquer circunstâncias provocaria a mesma reação da polícia. Os agentes atiraram mais de 30 vezes, na certeza de impedir a fuga de bandidos.
O chocante, porém, é que os corpos encontrados são das companheiras dos mesmos, que estariam tentando ajudar no resgate de assaltantes que atacaram agências bancárias naquela região. Por mais triste e brutal que seja o resultado da abordagem, os agentes envolvidos na ação não são dignos de culpa. Na pressão por proteger a sociedade, o trabalho policial não permite vacilos e hesitações.
Nos últimos anos, a população do interior do estado se acostumou a ver notícias e presenciar frequentes ataques de grupos organizados a instituições bancárias. Diate da fragilidade da cobertura policial nos municípios de médio e pequeno porte, os bandos estão cada vez mais ousados e utilizam táticas que fazem jus à alcunha de “novo cangaço”.
Cordões humanos, explosivos, armas de grosso calibre já integram o modus operandi de inúmeras quadrilhas pelo território gaúcho. O que surpreende no caso em questão é o uso de crianças para tentar despistar as forças de segurança. O resultado alcançado por essa tática nefasta foi o sofrimento de pessoas inocentes.
O esclarecimento total do fato deve ser o foco das autoridades jurídicas na busca pelos detalhes de como o triste episódio aconteceu. Se algum excesso for constatado, que os responsáveis sejam devidamente punidos. Contudo, o contexto até então apurado indica que os policiais não tinham alternativas.
O caso remete também a outra problemática que permeia a sociedade contemporânea. Diariamente, o crime recruta milhares de jovens, que se sentem seduzidos pelas tentações da facilidade de alcançar dinheiro e poder por meio dos caminhos oferecidos fora da legalidade.
