O futuro endereço da Associação Abrigo São Chico segue como uma incógnita. Nesta semana, a direção da entidade confirmou o fim das negociações com proprietário de uma casa do Centro, na localidade conhecida como bairro Praia. A desistência ocorreu após mobilização contrária da associação de moradores.
Coordenador do abrigo, Luiz Carvalho lamenta a impossibilidade de se mudar e destaca que partiu da diretoria a ideia de renunciar ao novo local. “A gente viu muita resistência da comunidade. É uma pena, pois a sociedade não quer ter o abrigo, mas ao mesmo tempo não quer moradores de rua”, lamenta.
Até ameaças teriam sido feitas contra o abrigo, informa Carvalho. Na semana passada, ele registrou boletim de ocorrência depois de ser abordado por dois homens em uma motocicleta nas proximidades da rua XV de Novembro. “Eles estavam com capacete escuro e gritaram ‘fica na tua, não vai para lá’”, relata.
A direção do abrigo estuda a mudança para outros locais. Carvalho pede auxílio da comunidade lajeadense para encontrar um lar ao São Chico. “Essas pessoas que estão no abrigo também fazem parte da cidade. Pedimos para que a sociedade nos ajude a achar um lugar melhor, ao invés apenas de criticar”, reforça.
Atualmente, a casa de acolhimento a pessoas em situação de rua está instalada na rua XV de Novembro, bairro Florestal.
Neste local, comunidade questiona a existência do abrigo e solicita transferência em função da proximidade com a Escola Estadual de Ensino Fundamental Irmã Branca. Pais de alunos alegam que possíveis frequentadores do São Chico estariam praticando delitos e perturbando o sossego.
Desde o início das atividades, em 2001, o abrigo passou por cinco endereços. Já esteve instalada nas proximidades da Paróquia São Cristóvão, Colégio Evangélico Alberto Torres (Centro), em frente ao Colégio João Batista de Mello (Centro) e na Rua Moisés Cândido Veloso (Hidráulica).
“Era um local ideal”
A busca por um novo local ao São Chico ocorre faz anos, destaca a secretária interina do Trabalho, Habitação e Assistência Social de Lajeado (Sthas), Céci Gerlach. Segundo ela, a residência no Florestal é pequena para as atividades do abrigo.
“A casa do bairro Praia seria ideal. Mas antes do abrigo se mudar já estava gerando um alarde desnecessário”, lamenta ao destacar que a residência possui mil metros quadrados de área construída e cerca de dois mil metros quadrados de pátio.
A entidade sem fins lucrativos atende adultos que se encontram em situação de rua garantindo direitos básicos como moradia, alimentação, higiene, vestuários e atendimento psicossocial. A capacidade é para 44 vagas (40 para homens e quatro para mulheres). A administração municipal auxilia o abrigo com repasse de R$ 56 mil mensais.
FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br