Tiago Silva, 33, quase perdeu a vida em um acidente de trânsito. Após ficar um ano e três meses sem sair da cama, adotou o ciclismo como prática esportiva. O exemplo do morador de Mato Leitão inspirou a criação do Radicalizando, grupo
de pedalada com cerca de 20 integrantes
Por que começou a pedalar?
Me acidentei quando tinha 17 anos, em agosto de 2004. Eu e um amigo batemos com a moto na traseira de um caminhão. Meu amigo morreu e eu fiquei sete dias em coma, sete dias na UTI e dois meses no hospital. Daí não pude mais fazer atividade física e fiquei depressivo. O ciclismo acabou sendo o meu esporte pela questão da bicicleta não ter o impacto de uma corrida. De certa forma, comecei a pedalar para fugir da depressão.
O que te motivou a criar o Radicalizando?
No acidente, esfarelei minha canela, quebrei cinco costelas e perdi o baço. Até hoje tomo injeções por não ter o baço e tenho o movimento limitado das pernas. Então comecei a andar de bicicleta e isso incentivou outras pessoas. Se eu podia pedalar, com minhas lesões, então era possível para uma pessoa saudável também. Como eu e meu amigo tínhamos 17 anos quando nos acidentamos, o grupo também surgiu para que os jovens não sonhassem cedo com uma motocicleta. Objetivo é que eles curtam uma bicicleta e a adolescência.
Quem você já incentivou a pedalar?
Muitas pessoas daqui (Mato Leitão) que conhecem a minha história e sabem o que passei. Por exemplo, consegui fazer minha sogra pedalar 200 quilômetros em um Audax de Santa Cruz do Sul. Ela tem 56 anos e fui ao lado dela dando apoio. O sorriso quando terminou o percurso foi o melhor agradecimento que tive.
Para ti, o que é pedalar?
Pedalar é viver. Antes, eu não sabia o que era viver. Ficava com a mente vazia pensando bobagens. Hoje eu saio e vejo como os lugares são bonitos, algo que não é possível de carro, faço muitas amizades e melhoro minha saúde.
Quais os próximos passos do Radicalizando?
Nós participamos de várias trilhas e provas em todo o estado. É um prazer enorme divulgar Mato Leitão e mostrar nosso orgulho de morar aqui. Para o futuro, queremos organizar um dia fixo de pedaladas no município.
O que diria para incentivar alguém a pedalar?
Começar devagar. Não se intimidar com a primeira câimbra, que é normal. A saúde e o psicológico vão melhorar um monte.
FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br