Concentrados durante dois dias no Hotel Weiand, em Lajeado, os sorveteiros gaúchos discutiram estratégias para elevar o consumo da sobremesa gelada. Seguindo a tendência apontada pelo comportamento dos consumidores, o setor aposta em produtos naturais e com redução de açúcar e gordura.
A feira de negócios do evento atraiu para Lajeado 42 expositores de todo o país e confirmou a tendência por produtos mais saudáveis. Representante de uma empresa que fornece polpas de açaí, Roger Vieira ressalta o crescimento no consumo do produto.
“Trabalhamos faz cinco anos com o açaí e registramos crescimento anual de 150%”, destaca. Segundo ele, por ser um produto natural que trás benefícios à saúde, a polpa da fruta atrai em especial os mais jovens.
“O sorvete tradicional tem queda de consumo no inverno, algo que não ocorre com o açaí justamente por essas características”, ressalta. Conforme Vieira, o interior gaúcho é uma das principais regiões de consumo do produto, e a jornada é principal evento do Estado justamente por proporcionar o contato direto com os representantes da indústria.
Representante de uma empresa de São Claro (SP), Welinton Oliveira trouxe para Lajeado essências líquidas com sabores inéditos no mercado. Segundo ele, os produtos com concentrados naturais são os mais procurados pelos fabricantes.
“Hoje, os melhores sorvete do Brasil estão no RS, e a jornada nos abre a possibilidade de entrar em contato direto com a indústria, que busca cada vez mais qualidade em seus produtos”, destaca. Representante de uma empresa italiana com sede em Sete Lagoas (MG), Fernando Jaworoski destaca a procura por produtos diet e zero açúcar.
Segundo ele, o avanço da tecnologia permite a elaboração de produtos saudáveis e ao mesmo tempo saborosos, o que vai ao encontro dos anseio do consumidor. “Os sorvetes sem lactose e corantes artificiais, veganos, com redução de gordura e zero açúcar são a principal demanda para o futuro.”
Diretor de uma indústria de sorvetes com sede em Candelária (RS), Gian Lisboa afirma que a Jornada do Sorvete serve para formatar as ideias para o futuro do segmento. Segundo ele, inovar é uma obrigação diante da mudança do comportamento dos consumidores, e o principal desafio é reduzir o uso de açúcar e gordura sem inserir produtos químicos ou artificiais.
Consumo crescente
Presidente da Agagel, Vanderlei Paulo Bonfante afirma que a inovação é capaz de elevar a venda de sorvetes no país. Lembra que o pico foi em 2014, quando cada brasileiro consumiu em média 6,4 litros de sorvetes no ano. “Com a crise, tivemos três anos de queda e estamos no segundo ano de crescimento, com perspectiva de voltarmos aos patamares de antes da recessão.”
Para Bonfante, compreender o consumidor é ponto crucial do processo de inovação necessário para os negócios do setor.
Segundo ele, a Agagel trará para o Estado um especialista em nanotecnologia que criou um sistema para encapsular vitaminas nos produtos sem alterar o sabor. “É uma possibilidade de criar opções ainda mais saudáveis.”
Conforme o presidente da Agagel, o crescimento no número de expositores neste ano e a participação de empresas de todo o país demonstram a relevância do evento. Segundo ele, o modelo da indústria gaúcha de sorvetes serve de modelo, e Lajeado se tornou polo nacional do setor.