Por que perseguimos a vida perfeitamente idealizada?

Opinião

Gabriel Carneiro Costa

Gabriel Carneiro Costa

Escritor e palestrante

Por que perseguimos a vida perfeitamente idealizada?

Tenho visto uma quantidade de amigos revendo a continuidade de permanência nas redes sociais. Até onde aquele pequeno fragmento da rotina diária reflete nossas vidas reais?
Somos a geração que toma remédios para dormir e café para ficar acordado.

Hands using a mockup tablet with feet up in the background

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Vivemos as primeiras gerações que fazem terapia desde a infância. Somos os primeiros filhos da grande geração de pais divorciados. O emprego fixo virou acomodação, na crença de que seremos melhores se experimentarmos o maior número de trabalhos. Nós acabamos reféns dos salários, pois nos tornamos consumistas muito além do necessário.
As farmácias das esquinas vendem a paz, a felicidade, a sabedoria.
Mas a vida idealizada é diferente da vida possível. Menos nas redes sociais. Lá, a maioria das pessoas exibe aquele pedaço quase perfeito das suas próprias vidas. Os casamentos não têm brigas, os filhos são obedientes, ninguém está apertado de dinheiro, os negócios não passam por crises e ninguém tem dias de profunda tristeza, angústia ou decepção.
O problema da vida perfeitamente idealizada é que nutrimos uma constante frustração toda vez que comparamos quem somos com quem nós idealizamos ser. É um lugar nunca alcançado. Estamos cansados de tanto correr atrás da vida que dizem ser alcançável. Tornou-se mais importante “parecer ser” do que ser. Todos querem aparentar que a vida perfeita é possível. É difícil ver pessoas se expondo nas redes sociais compartilhando seus medos, angústias, erros, fracassos, arrependimentos, desistências…
E a busca pela comprovação de que atingimos a vida perfeita ocorre através da comparação. Comparamos a nossa vida com a dos outros, cometendo o erro de apenas estar comparando o destino. Não há uma avaliação sobre o caminho. Afinal a vida real é tão completa que também tem o dia da preguiça, da vergonha, da dúvida, da perda, da renúncia.
Até onde a busca pela vida perfeitamente idealizada está sendo saudável para nós? A geração que mais sofre de crise de ansiedade não estaria mais em paz se pudesse assumir que a vida perfeita é apenas uma utopia que nos move a seguir em frente?

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