Em maio falamos sobre a importância da gestão das propriedades produtoras de leite como empresas e a necessidade do uso de indicadores de desempenho. Já em junho falamos sobre a possibilidade de a produção de leite orgânico ser uma alternativa para enfrentar as dificuldades do setor.
Pois bem, como apresentado no Caderno Agronotícias de maio e na edição do Jornal A Hora de 05 de junho, a entrada em vigor da instrução normativa 77 do Ministério da Agricultura traz ainda mais preocupações ao setor, pois o incremento das exigências leva a estimar-se que entre 50 e 60% dos produtores possam ser excluídos do processo de produção por incapacidade de atender aos requisitos estabelecidos. Sem dúvidas, isso traria impactos nefastos para o Vale do Taquari.
Neste momento quero trazer a conexão das ideias apresentadas nas colunas anteriores. A entrada em vigor da normativa irá exigir ainda mais acompanhamento das atividades por parte dos produtores, convencionais ou orgânicos. Basta ver o contido no artigo 6 que atribui aos laticínios a obrigação de estabelecer como uma parte de seu programa de autocontrole o “plano de qualificação dos fornecedores – PQFL”, o qual deverá focar a “gestão das propriedades” e a implementação de boas práticas agropecuárias. Já o artigo 8, inciso IV, faz referência explícita aos: indicadores de gerenciamento.
Como dito, os aspectos gerenciais têm estado em segundo plano, nas propriedades, porém a partir desta exigência não haverá como alheio aos mesmos, pois será necessário realizar um diagnóstico e elaborar planos de ação para mitigar as dificuldades em cada propriedade. Neste contexto, mesmo que a elaboração dos PQFL’s seja de responsabilidade dos laticínios, os produtores terão de gerar evidências, registros auditáveis, do atendimento ao que foi planejado.
O Ministério da Agricultura já disponibilizou em sua página (http://www.agricultura.gov.br/assuntos/boas-praticas-e-bem-estar-animal/arquivos-publicacoes-bem-estar-animal/guia-orientativo-para-elaboracao-do-pqfl) que contém as orientações para a estruturação do PQFL, bem como as orientações em termos de boas práticas agropecuárias. Nos parece importante que os produtores estejam atentos as exigências e comecem a preparar-se, pois a melhoria da qualidade do leite é, não só uma exigência externa, mas uma necessidade. Estejamos preparados.
Opinião
Carlos Cyrne
Professor da Univates
Assuntos e temas do cotidiano